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ICBAS juntou investigação da cidade do Porto em nome de One Health

Um painel diversificado de especialistas das várias áreas da saúde (humana, animal e ambiental) juntou-se, no passado dia 3 de novembro (Dia Internacional One Health), para debater a abordagem Uma Saúde. O palco foi o “1st Porto One Health Day”, organizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto em colaboração com diferentes unidades de investigação da cidade (CECA, CIIMAR, CIBIO-InBIO, CI-IPOP, FCUP, ISPUP, i3S, REQUIMTE, UMIB).

A abordagem One Health – Uma Saúde reconhece a ligação entre pessoas, animais, plantas e o ambiente, e tem como objetivo dar uma resposta científica e técnica que possibilite prevenir, detetar, conter, eliminar e responder a ameaças para a saúde pública causadas por agentes e eventos perigosos para a saúde humana e animal.

Foi sob esta perspetiva que se focaram as nove sessões do 1st Porto One Health Day, versando sobre vários temas que concentram em si uma visão holística da saúde: segurança alimentar, alterações climáticas, interação entre humanos e animais, resistência a antibióticos, impacto dos oceanos na saúde humana, impacto da pandemia nos doentes com cancro, HIV e doenças emergentes.

Este foi um encontro verdadeiramente transdisciplinar onde se discutiu um assunto cada vez mais atual. O objetivo da comissão organizadora foi cumprido: “juntar as principais Unidades de Investigação do Porto para discutir juntos problemas de saúde pela perspetiva One Health, com o propósito de identificar soluções reais e potenciais parcerias”.

Uma Saúde ou o “caminho” para “restaurar o nosso planeta”

O evento contou com a participação da cofundadora da One Health Initiative, a norte-americana Laura H. Kahn. “One Health analysis of food safety and security, antimicrobial Resistance, and Climate Change in the 21st Century” foi o título da apresentação que demonstrou a transversalidade e aplicabilidade deste conceito.

“Temos urgência em restaurar o nosso planeta. O conceito Uma Saúde, que reconhece que a vida na terra está interligada, deve ser o caminho. Para isso devemos educar as novas gerações neste sentido. Uma Saúde deve ser a base não só da investigação científica, mas também do desenvolvimento de políticas, da educação e da literacia”, destacou a médica e investigadora em políticas de saúde.

O diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho, encerrou o evento com a certeza de que “o segundo passo desta longa jornada que agora iniciamos será a concretização de reflexões de consenso sobre os temas debatidos, que nos permitirão, em sequência, chegar aos decisores, que na sua maioria ainda não tem noção da importância deste alerta que agora evocamos.”

“A saúde merece o nosso cuidado extremo, porque é a génese de equilíbrio e sustentabilidade. Não vamos baixar os braços enquanto sentirmos que, ainda que de forma ténue, estamos a trabalhar para a procura desse equilíbrio”, concluiu o responsável.

Um evento local, mas internacional

O evento teve um formato híbrido, sendo todas as palestras presenciais e também transmitidas on-line e em direto. A conferência foi reconhecida e partilhada pela iniciativa internacional One Health Day, recebendo mais de 300 inscrições on-line. Nestas inscrições, estiveram representadas um total de 83 instituições, das quais, 69 portuguesas e 17 estrangeiras. O evento teve participantes do Brasil, Canadá, Equador, Espanha, Estados Unidos, Etiópia, Finlândia, Itália, Irlanda, Noruega, Reino Unido e Suécia, o que reforça o interesse, abrangência e relevância do conceito One Health a nível internacional.

Texto: Begoña Pérez Cabezas (Adatação ‘Notícias da Universidade do Porto’)

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Era uma vez

Às vezes… o amor

Era uma vez a Susana, uma jovem trabalhadora e ativa, que namorava com o António há muitos anos, e parecia feliz. No entanto, com uma vida profissional muito agitada, com muito stress e um enorme peso de responsabilidade pelo seu desempenho, a Susana não tinha horários de descanso. A sua vida amorosa estava em terceiro plano e, com o tempo, o António, descontente, resolveu acabar com o compromisso. A Susana sofreu bastante com o fim da relação, isolou-se no seu mundo e cada vez mais sentia o peso da responsabilidade profissional. Passados poucos meses, começou a ter dores articulares com inflamação às quais se seguiu o aparecimento de manchas vermelhas na face, que pareciam asas de borboleta, e depois febre. Consultou vários médicos até que se chegou ao diagnóstico de lúpus, uma doença autoimune. Iniciou tratamento com corticoides e hidroxicloroquina, e melhorou, mas ficou obrigada a receber acompanhamento médico regular.

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Era uma vez

O Sr. Alberto ainda não teve alta?

Era uma vez o Sr. Alberto, um homem já com alguma idade, mas ativo, que teve uma queda, fraturou a perna esquerda e teve de ser operado. Ficou internado uma semana no hospital e, quando estava prestes a ter alta médica, começou a ter sintomas de febre e queixas respiratórias, pelo que teve de continuar internado. Os exames efetuados mostraram que estava com uma pneumonia e, mesmo antes da identificação do micróbio causador, iniciou os antibióticos que habitualmente se prescrevem para esta doença. Passados três dias, o Sr. Alberto continuava com febre e sintomas respiratórios. Os exames mostraram que a infeção foi gerada por uma bactéria, um estafilococo, resistente aos antibióticos administrados. Foi prescrito um novo antibiótico e, depois de mais uma semana e meia de tratamento no hospital, o Sr. Alberto conseguiu voltar para casa.

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Era uma vez

A Maria e o Maltês: diversão sem parar

Era uma vez um gato, o Maltês, muito bonito e macio, que apreciava malandrices e brincadeiras. Vivia em casa da Maria, uma menina enérgica e divertida. Juntos, brincavam sem parar, de manhã à noite, e por várias divisões da casa, desde a sala ao jardim e, até, na cama. Um dia, a Maria ficou doente, com febre e mal-estar geral. Foi ao médico de família, que lhe diagnosticou uma “gripezita”. Mas a doença não passava e os pais da Maria consultaram outro médico, e depois outro, e ainda outro. Por fim, o último médico lembrou-se que a Maria não estava sozinha no mundo, nem em casa. Apesar de os pais e os avós estarem bem e o gato também parecer bem, este médico, experiente e sabedor, pediu testes para várias doenças e a conclusão foi outra. O diagnóstico, agora certeiro, apontou para toxoplasmose, uma infeção causada por um parasita que produz ovos apenas no intestino dos gatos. A Maria fez o tratamento adequado e ficou curada!

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Investigação

Projeto BeachSafe: Uma praia microbiologicamente segura é realmente segura?

Na Europa, a qualidade das águas balneares é regulamentada por uma diretiva (de 2005) através de dois indicadores bacterianos: Escherichia coli e enterococos intestinais, sinais de contaminação fecal. No entanto, as alterações climáticas em curso promovem o surgimento de outras bactérias patogénicas não relacionadas com o esgoto. Entre eles, os vibrios, microrganismos aquáticos onipresentes, responsáveis por várias doenças humanas, como cólera, septicemia ou hemorragia.

No âmbito do projeto BeachSafe, um estudo realizado pelo Laboratório de Hidrobiologia e Ecologia do ICBAS, que analisou a água de 10 praias costeiras populares do Norte de Portugal, revelou que a maioria apresenta baixos níveis de contaminação fecal, mas elevado número de diferentes espécies de vibrios, especialmente durante a época balnear de verão.

Na prática, tal significa que os banhistas são expostos a bactérias patogénicas emergentes não rastreadas durante as pesquisas oficiais de rotina sobre a qualidade das águas balneares. Na origem destes resultados, parecem estar as alterações climáticas e descargas de águas residuais deficientemente tratadas que ajudam a propagar estas bactérias.

Neste momento, os riscos para as pessoas são ainda pouco conhecidos e o projeto está a trabalhar no sentido de averiguar as suas implicações.

Para saber mais:

Descrição do projeto BeachSafe
– Dinámicas da bactéria Vibrio em águas balneares e o risco associado à saúde humana

Contacto: Professor Adriano A. Bordalo (bordalo@icbas.up.pt)

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Investigação

Aquacultura sustentável e dietas funcionais para peixes

A aquacultura é o setor da produção animal com maior crescimento global, contribuindo já com mais de 50% do pescado consumido a nível mundial. Este crescimento vai continuar devido às limitações da captura de espécies selvagens e ao aumento da população mundial e consequente aumento da procura.

Portugal já importa cerca de 2/3 do pescado que consome, o que representa um desequilíbrio na balança comercial superior a 600 milhões €/ano. Este desequilíbrio apenas poderá ser ultrapassado através do desenvolvimento sustentado e sustentável da aquacultura. É nesse sentido que surge a visão europeia para o Desenvolvimento Sustentável da Aquacultura, que assenta na promoção da competitividade através de metodologias inovadoras ambientalmente sustentáveis, tendo em conta o bem-estar e a saúde animal, e a perspetiva do consumidor.

Em Portugal, assim como na Europa, produzem-se essencialmente espécies marinhas e maioritariamente carnívoras. No território nacional, as principais são pregado, dourada, truta, robalo e linguado. A produção destas espécies implica conhecer os requisitos nutricionais de cada uma delas de forma a garantir um crescimento excelente, otimizando a saúde e o bem-estar animal.

As dietas existentes no mercado são desenhadas de forma particular para cada espécie e estas formulações obedecem a regras bem definidas e regulamentadas. Todo o processo é rastreado de modo a garantir a segurança do consumidor. Da mesma forma, o valor nutricional de cada peixe depende destas dietas, sendo por isso importante garantir que estas cumprem com os mais elevados requisitos de qualidade.

O Laboratório de Nutrição, Crescimento e Qualidade do Peixe do CIIMAR, liderado por uma Professora do ICBAS, trabalha para otimizar e avaliar práticas de produção sustentáveis em aquacultura e melhorar a qualidade, segurança e bem-estar dos peixes. Elabora também dietas funcionais para estes animais, desenhadas para promover a sua saúde e valor nutricional, de forma a responder às crescentes exigências do consumidor.

 

Para saber mais:

– Nutrição e alimentação de Peixes
– Processamento físico ou suplementação de alimentos para melhorar a utilização de Gracilaria gracilis pelo robalo Europeu juvenil (Dicentrarchus labrax)
– Valor nutricional de diferentes farinhas de larvas de insetos como fontes de proteína para juvenis de robalo europeu (Dicentrarchus labrax)

Contacto: Professora Luísa Valente (lvalente@icbas.up.pt)

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Investigação

Projeto Vet-OncoNet: Uma Oncologia, Uma Saúde

Muitos dos tumores em animais de companhia são comparáveis aos tumores humanos e podem servir-lhe como modelo em estudos epidemiológicos e ensaios clínicos.

Nestes últimos, os animais de companhia estão melhor posicionados do que os modelos animais, como os ratinhos de laboratório, porque além de estarem expostos a fatores de risco ambientais semelhantes, desenvolvem as neoplasias de forma espontânea e mais rápida, o que favorece os resultados clínicos. No futuro, espera-se que possam vir a ser usados como sentinelas para ambientes de risco para humanos, possibilitando a adoção de medidas preventivas adequadas à saúde humana e ambiental.

A Vet-OncoNet é uma rede de partilha de informação de tumores de animais de companhia e investigação de fatores de risco. Esta plataforma é uma iniciativa do ICBAS e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), enquadrada nas políticas Uma Saúde destas instituições. Envolve investigadores dos departamentos de Estudo de Populações, Clínicas Veterinárias, Patologia e Imunologia Molecular do ICBAS e o Departamento de Saúde Pública Veterinária (ISPUP). A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), associou-se a esta iniciativa, tornando-se Instituição cofundadora da Rede Vet-OncoNet. Criada sobre os pilares do conceito e visão Uma Saúde, visa contribuir para o progresso na prevenção e na terapêutica em oncologia animal e humana. Estas beneficiam mutuamente desta abordagem conjunta e partilha de conhecimento entre cientistas das diversas áreas.

Inserida neste contexto académico-científico, a missão da Vet-OncoNet é desenvolver atividade científica, de ensino, divulgação e comunicação de informação credível no domínio da Oncologia Animal.

Para saber mais:

Vet-Onconet: Rede de partilha de informação de neoplasias de animais de companhia e investigação de factores de riscos

Contacto: Professor João Niza Ribeiro (jjribeiro@icbas.up.pt)

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Investigação

Prevenção do atraso físico e mental através da ingestão de iodo

Os seres humanos e outros animais requerem a ingestão de uma certa quantidade de iodo, um nutriente necessário para o funcionamento regular da tiroide, uma glândula que regula o metabolismo do corpo.

Alimentos e, eventualmente, água, e respirar o ar costeiro rico em iodo são as fontes naturais deste nutriente. Peixe, lacticínios e algas costumavam ser suficientes para cobrir as nossas necessidades. No entanto, o novo paradigma nutricional no mundo desenvolvido favorece a ingestão de alimentos pobres em iodo. A deficiência de iodo, principalmente durante a gravidez e nos primeiros anos de vida, pode comprometer o desenvolvimento físico e mental das crianças.

A iodização do sal é a maneira mais barata, sustentável e universal de lidar com o problema durante a nossa vida. O processo começou há um século na Suíça. Na Europa Ocidental, o uso obrigatório não é generalizado e a deficiência pode atingir níveis preocupantes. Em África, devido à contribuição da Comunidade Internacional, os alunos são regularmente complementados. A maneira de verificar os níveis de iodo é por meio da análise de urina. No entanto, níveis baixos ou altos de iodo levam à mesma doença – bócio. Portanto, a ingestão diária correta por crianças e adultos, incluindo mulheres grávidas, é imprescindível para resolver a deficiência de iodo em todo o mundo.

O Laboratório de Hidrobiologia e Ecologia do ICBAS avalia, na Guiné-Bissau (e não só), a suficiência de iodo em urina humana através de um método certificado para o efeito. Este trabalho é essencial para identificar a carência de iodo e lidar com as consequências da mesma.

Para saber mais:

– Bócio endémico e deficiência de iodo em crianças em idade escolar na Guiné-Bissau
– O sal marinho não fortificado pode cobrir às necessidades humanas de iodo?

Contacto: Professor Adriano A. Bordalo (bordalo@icbas.up.pt)

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Investigação

Cólera: A pandemia esquecida

Durante vários milénios, a cólera – uma doença diarreica aguda que pode levar à morte em poucos dias se não for tratada – devastou o subcontinente indiano. Vasco da Gama, o conhecido navegador português, morreu de cólera no sul da Índia no século XVI.

A cólera continua ativa hoje em quatro continentes, com especial incidência em África. A doença vai já na 7ª pandemia, que se estende desde 1960. Na Europa, a última epidemia ocorreu em Portugal em 1974, onde infetou quase 2 mil e 500 cidadãos e matou 48.

Água e alimentos contaminados são a principal fonte do agente da cólera – um vibrio (bactéria) onipresente nas águas costeiras. Uma vez ingerida em dose suficiente, a bactéria é capaz de escapar da barreira de ácido do estômago e colonizar o intestino. Se as toxinas forem produzidas, uma pessoa pode perder até 20 litros de líquidos internos por diarreia aquosa. Se estes líquidos não forem substituídos, o paciente morre. O tratamento é particularmente barato, por meio da reposição de eletrólitos através da administração de uma solução de reidratação oral, uma mistura de açúcar e sais e, eventualmente, antibióticos comuns.

A falta de água potável, saneamento, higiene e os cuidados de saúde precários em todo o mundo favorecem a propagação da doença. A batalha pela erradicação está longe de ser concretizada, um fardo adicional para os mais pobres entre os pobres. O Laboratório de Hidrobiologia e Ecologia do ICBAS estuda as condições de acesso a água (qualidade e microbiologia) da população na Guiné-Bissau, analisa a relação entre o consumo de água e o aparecimento de doença, e identifica as possíveis causas da contaminação deste precioso líquido.

Para saber mais:

Sacos de água como potencial veículo de transmissão de doenças na capital da África Ocidental, Bissau
Análise da composição bacteriana na água ácida de poço usada para beber na Guiné-Bissau, África Ocidental

Contacto: Professor Adriano A. Bordalo (bordalo@icbas.up.pt)

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Eventos

1st Porto One Health Day

Celebração do dia Internacional de Uma Saúde no ICBAS

3 Novembro 2021, 9h

Seminários sobre Uma Saúde organizados pelo ICBAS e várias Unidades de Investigação da UP, com a intervenção da Dr. Laura H. Kahn (Co-fundadora da One Health Initiative).

Todas as palestras foram realizadas em formato presencial e on-line. Consulte o programa completo. 

Leia a entrevista que realizamos à Dr. Laura H. Kahn.

Veja os vídeos das sessões.

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