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ICBAS anuncia vencedores do concurso ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’

Com o objetivo de promover e divulgar o conceito Uma Saúde por toda a comunidade e sociedade civil, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), em conjunto com o Instituto Português de Fotografia (IPF), organizou o Concurso de Fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’.

No contexto deste concurso, Teresa Nunes, fotógrafa no IPF, escreveu o seguinte texto, de forma a enquadrar e defender a fotografia enquanto ferramenta cultural:

‘Artivismo’ – a fotografia enquanto ferramenta cultural

A Arte sempre funcionou como um reflexo da sociedade, acompanhando a realidade ao longo dos tempos, registando-a, mas também agindo como um instrumento de mudança. É o chamado “artivismo”, um portmanteau [1] proveniente da junção das palavras “arte” e “activismo”. Há uma panóplia extensa de artistas, nas mais diversas disciplinas artísticas, que se assumem como artivistas, advogando nas mais distintas causas.

Naturalmente, a Fotografia não é exceção, afigurando-se como terreno fértil para artivistas. Ora numa primeira análise poder-se-á presumir que os fotógrafos relacionados com as questões do artivismo estarão ligados à fotografia documental e fotojornalismo, porém essa é uma visão redutora. Apesar de, efetivamente, essa área da fotografia, que prima pela representação do real sem manipulações ou alterações, ser bastante propensa ao artivismo, outros fotógrafos, que se afastam dos cânones do fotojornalismo, também se enquadram no conceito. Seja qual for a área da fotografia, atualmente os fotógrafos mobilizam-se pela capacidade da fotografia mostrar ao público e aos agentes políticos assuntos em que é necessária a intervenção e consciencialização da sociedade.

Anthony Luvera, que esteve, aliás, recentemente no Porto para falar na palestra “Fotografia e Ativismo Social”, no âmbito do ciclo de conversas Encontros do Olhar “Fragilidade – Transitoriedade”, organizado pelo Instituto Português de Fotografia, trabalha com indivíduos e grupos de pessoas marginalizados convidando-os a falar sobre as suas experiências, criando, com eles, projetos colaborativos em áreas como a saúde mental, as dependências, a situação de sem-abrigo e a comunidade LGBTQ+.

Eduardo Leal, com a sua série “Plastic Trees”, faz um retrato da poluição no Altiplano Boliviano, demonstrando a sua preocupação com as questões ambientais. O autor optou por uma estetização da poluição como alternativa aos meios tradicionais de denúncia, fotografando sacos de plástico, um dos itens de consumo mais utilizado e que acaba por se tornar uma das maiores fontes de poluição a nível mundial. Pretendeu com este trabalho chamar a atenção para o problema da poluição, focando-se numa zona onde milhares de sacos vagueiam ao sabor do vento até acabarem presos nos arbustos, danificando a paisagem.

Von Wong, mundialmente conhecido pelas suas obras hiper-realistas, encenadas e montadas com o auxílio da sua equipa e de uma imensidão de voluntários que se juntam ao artista em cada projeto. Este começa por montar grandiosos cenários para as suas fotografias que são sempre pensadas para alertar para temáticas como a poluição e o uso excessivo de plástico, reciclagem e bem-estar animal, entre outros.

Podemos verificar que muitos autores pugnam por diversas causas com que se identificam e que, ao olhos mais desatentos, poderão parecer desligadas e sem razão aparente para serem alvo de atenção das mesmas pessoas, porém, é cada vez mais comummente aceite que todos vivemos num planeta em que tudo está interligado e as questões de saúde humana, animal e do ambiente estão interligadas, explicando relações que poderiam, à primeira vista, parecer quase descabidas, é, afinal, o conceito de One Health.

É, pois, de concluir que a fotografia pode e deve ser entendida como uma ferramenta cultural capaz de comunicar uma mensagem de sensibilização e induzir a mudanças. Numa era em que a participação cívica se revela cada vez mais necessária para incentivar mudanças na sociedade em que vivemos, é cada vez mais comum ver fotógrafos que se juntam a essas causas a fim de fazer uso da sua ferramenta maior para os apoiar. 

[1] Palavra fantasista formada por elementos de outras duas (Dicionário infopédia de Inglês – Português [em linha]. Porto: Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/ingles-portugues/portmanteau)

Durante as comemorações do 47.º aniversário do ICBAS, realizadas no dia 5 de maio de 2022, a instituição aproveitou a ocasião para anunciar os vencedores do concurso.

Menção Honrosa:

Fotografia de Rui Maneiras, Alumno do ICBAS

Terceiro prémio:

Inês Martinho, Alumna do ICBAS

Segundo prémio:

Telma Costa, Alumna do ICBAS

Primeiro prémio:

Teresa Leão, Docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP)
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Projeto ‘Liga-te à Terra’

O projeto ‘Liga-te à Terra’ foi desenvolvido pelo Grupo de Investigação de Saúde e Bem-Estar One Health do ICBAS, em parceria com o Gabinete de Apoio ao Estudante (GAE-ICBAS), com o objetivo de promover o bem-estar dos nossos estudantes.

A ciência diz-nos que, mais do que passar tempo na natureza, entrar em relação com ela traz-nos imensos benefícios. Serena a mente, restaura a capacidade de atenção, dá alegria e até fortalece o sistema imunitário.

Inspirados na campanha “30 Days Wild” – implementada anualmente no Reino Unido – os investigadores do ICBAS querem desafiar os estudantes a entrarem em relação com os elementos da natureza que os rodeiam, durante 30 dias.

Queres saber mais? Preenche o seguinte formulário ou envia e-mail para a investigadora responsável, Karine Silva (cssilva@icbas.up.pt).

Inscrições até 30 de abril de 2022.

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Grande Porto é a região com mais gaivotas no país

Área Metropolitana está a traçar plano para responder ao fenómeno. Só nas cidades junto ao Douro há mais de mil aves e a reproduzir-se.

Nunca tantas gaivotas habitaram o Grande Porto. Haverá entre 1186 e 1626 gaivotas a sobrevoar os céus da Área Metropolitana do Porto (AMP), de acordo com o Censo Nacional da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). É o maior número de gaivotas em ambiente urbano do país. E com a reprodução das aves em crescendo, a tendência é para que os números continuem a subir. A maioria instalou-se no Porto, mas Matosinhos e Gaia também sofrem com o problema, que se traduz em riscos para a saúde pública. Está em elaboração um plano metropolitano para controlo da população de gaivotas, cujo relatório será publicado em breve.


Uma das medidas que podem estar em cima da mesa é uma eventual operação de retirada dos ovos dos ninhos. No entanto, tendo as gaivotas um ciclo médio de vida de 20 anos, o resultado desse trabalho demorará a revelar-se. “Nos finais dos anos 90, as gaivotas começaram a expandir-se para norte e exclusivamente para meio urbano. Quando se reproduzem num local com sucesso, voltam sempre”, nota Nuno Oliveira, técnico de conservação marinha da SPEA. A retirada dos ovos será sempre “um processo moroso, que requer recursos humanos e financeiros”, acrescenta, alertando que durante os primeiros três ou quatro anos de vida, as gaivotas não se reproduzem.


Fonte de Contaminação
O fácil acesso a alimentos é o principal motivo para a deslocação das gaivotas do Centro e Sul para o Norte do país e a sua reprodução incessante representa riscos para a saúde pública. É esse mesmo o alerta que faz Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo e investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS): “Têm, nos excrementos, as mesmas bactérias patogénicas que nós e são uma fonte clara de contaminação da água, dos solos, e de transmissão de doenças”.


“A explosão da disponibilidade alimentar”, quase “sem limitação”, conduz ao aumento da população de gaivotas, aponta Nuno Oliveira, que observa “um grande esforço na melhoria da gestão de resíduos e armazenamento temporário”. Também os desperdícios da pesca alimentam estes animais, particularmente graças à quantidade de peixe já morto que é devolvido ao mar.


“É alimento gratuito para as gaivotas. E há oito mil embarcações de pesca no país”, nota Nuno Oliveira. O primeiro passo, diz Bordalo e Sá, é o lançamento de “uma campanha para não alimentar as gaivotas, da mesma maneira que já houve uma para não alimentar os pombos”. Nuno Oliveira concorda.


Para decidir estratégias de combate ao problema, a AMP lançou, há dois anos, um concurso público, com um preço-base de 135 mil euros, para a elaboração de um plano de controlo da população. Esse trabalho estará no fim.


O último estudo, conhecido em 2011, apontava como uma das soluções a diminuição de alimento disponível.

Fonte: Jornal de Notícias
Texto: Adriana Castro

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Concurso de Fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’

O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), em conjunto com o Instituto Português de Fotografia (IPF), organiza o Concurso de Fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’.

Com o objetivo de promover e divulgar o conceito Uma Saúde por toda a comunidade e sociedade civil, o ICBAS e o IPF, desafiam assim os participantes a fotografarem a sua própria perspetiva do conceito ‘Uma Saúde’, aliando a arte (fotografia) à ciência.

No total, serão selecionadas entre 30 a 40 fotografias que farão parte de uma exposição itinerante, a inaugurar em junho na Galeria da Biodiversidade da Universidade do Porto, passando pelo Círculo Universitário, Centro Português de Fotografia (CPF), ICBAS, terminando no Metro do Porto, no final do ano.

Para além disso, as quatro melhores fotografias são candidatas aos seguintes prémios:

1º prémio: Câmera Fotográfica SONY A7C Kit com objetiva 28-60mm (no valor de 2200€)

2º prémio: Voucher FNAC (400€) + Voucher para curso de fotografia no IPF (330€)

3º prémio: Câmera Fotográfica Instax Square SQ1 e 20 fotografias (150€) + Voucher para curso de fotografia no IPF (150€)

Menção Honrosa: Voucher para curso de fotografia no IPF (95€)

O concurso ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’ decorre entre os dias 14 de março e 17 de abril. Saiba como participar através do regulamento.

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ICBAS e CMIN lançam livro para prevenir a obesidade e a diabetes pediátricas

Foi lançado no passado dia 4 de março, Dia Mundial da Obesidade, o livro Cuida de Ti – Orientações para Uma Vida Saudável, no âmbito do projeto com o mesmo nome, desenvolvido pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), em conjunto com o Centro Materno Infantil do Norte (CMIN).

Vencedor do Prémio “Comunicar Saúde” da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, pela contribuição para a literacia em saúde da população, o projeto “Cuida de Ti – Orientações para Uma Vida Saudável” tem por objetivo alertar para os perigos da obesidade e diabetes pediátricas, salientando a importância do diagnóstico precoce, assim como a implementação de medidas para evitar o desenvolvimento de doença crónica na vida adulta.

“A obesidade infantil e a diabetes, que está diretamente associada, é um dos principais problemas de saúde das crianças e dos adolescentes. É um problema que em Portugal tem uma dimensão muito preocupante, com taxas de excesso de peso e de obesidade muito próximas do 30%, o que coloca Portugal como um dos países com maior incidência da doença”, alerta Alberto Caldas Afonso, professor do ICBAS, Diretor do CMIN e responsável pelo projeto.

É neste contexto que o livro pretende ajudar a esclarecer conceitos e dúvidas, para que todos possam compreender como se pode adotar um estilo de vida mais saudável.  Os conteúdos foram desenvolvidos por uma equipa multidisciplinar, com o objetivo de poderem ser apreendidos e difundidos pelo maior número de pessoas.

O “Cuida de ti- Orientações para uma vida saudável” é destinado a todas as crianças, adolescentes, famílias e escolas, e através de conteúdos simples, apelativos e didáticos alerta para a importância de um diagnóstico precoce e da instituição de medidas que possam evitar o condicionamento de doença crónica na vida adulta.

“Este livro aposta em conteúdos facilmente compreensíveis, muito práticos e que vão permitir a sua utilização no dia a dia. Para os mais novos, foi também concebido um jogo interativo que os desafia nas respostas as questões veiculadas no livro”, explica o coordenador da obra.

Tendo em conta o impacto das redes sociais nos adolescentes, foram ainda desenvolvidos vídeos com dois ‘influencers’ – a atriz Madalena Aragão e o jogador do Futebol Clube do Porto, Francisco Conceição -, que mostram como a alimentação e a prática de exercício físico lhes permitem manter uma ótima performance diária.

Para chegar às comunidades escolares de todo o país, o ICBAS associou-se à Missão Continente, que incluiu o livro nos conteúdos do seu programa educativo (Escola Missão Continente). Desta forma, pretende-se reforçar a mensagem da importância de uma alimentação e estilos de vida saudáveis às turmas do Pré-Escolar, 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico.

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Mês para a consciencialização ‘One Health’

Janeiro foi o mês para a consciencialização ‘Uma Saúde’ e, por isso, considerámos esta uma excelente ocasião para convidar os Professores Carlos Vasconcelos, Luísa Valente e Adriano Bordalo e Sá, membros da comissão ‘Uma Saúde’ do ICBAS a escrever a sua visão sobre as várias perspetivas do conceito, aplicado à realidade da medicina humana, animal e da saúde do ambiente.

‘One Health sob a perspectiva médica –  Saúde humana’

Sim, todos sabemos, quando paramos para pensar sobre o assunto, que não estamos sós no planeta. Mas no dia-a-dia atuamos como se estivessemos. A não ser que… as “coisas” se nos imponham, como é o caso da pandemia COVID-19. Um micróbio, o vírus SARS-CoV-2, sai do seu reino e, mais rápido que Gengis Khan, põe a velha e altamente civilizada europa, todo o mundo ocidental, aliás, todo mundo, paralisado na economia (então e os banqueiros tão importantes?!), na educação (valeu-nos a realidade virtual…) e no turismo (tantos aviões parados, tanta gente sem trabalho…). Em suma, mexeu com toda a nossa vida, as grandes e as pequenas coisas, os pequenos e os poderosos.

Como foi possível? A resposta é só uma, clara e óbvia (como podemos ser tão estúpidos?!): no nosso mundo TERRA tudo está interconectado, o maior animal com o mais pequeno micróbio, as árvores, o vento e o sol, eu, tu, o negro da África, o amarelo da China, o vermelho da América, o mais inteligente e o mais inculto, a bela princesa e o monstro, o rico e o pobre, todos estamos ligados.

O que cada um fizer, a rede interconetada saberá, sentirá, adaptar-se-á, e pur si muove…

Tratamos o mundo como se fossemos donos absolutos, nas “tintas” para tudo o resto. E, pelo menos por agora, sabemos que não o devemos fazer.

É urgente este tempo de mudar. Todos nós, cada um de nós, não poderá duvidar da sua responsabilidade nesta luta pela continuação da vida na Terra.

Na saúde humana muitas são as atitudes que devem sofrer o vento da mudança, a começar por ver à nossa volta – não apenas olhar! –  e reconhecer os outros, seres vivos e ambiente. E mudar práticas, como o uso inadequado de antibióticos na comunidade e, também,  no hospital, gerando estirpes microbianas mais resistentes e estimulando, num ciclo vicioso, o investimento na investigação e recursos financeiros, que poderiam ser dirigidos para objetivos mais úteis à saúde humana.

O conceito Uma Saúde, eleva à máxima potência a necessidade de articulação entre todos os que podem contribuir para melhorar e, mais ainda, prevenir uma saúde global. Entre os profissionais de saúde, em especial os médicos, na comunidade e nos hospitais, não podem limitar-se a tratar bem “a doença”. Têm de ver o doente na sua globalidade, em que meio vive, o que come, que exercício faz, como se integra na família e na sociedade. É preciso perceber as causas que levaram à doença: foi relacionado com a alimentação, com a água que bebe ou bebeu, com os animais com que contata ou contatou, com o ambiente em que desenvolve o seu trabalho, ou com aquela viagem aos confins do mundo com que tanto sonhou?

Como médico há 45 anos, estou numa priveligiada situação para dizer: não podemos continuar assim meus caros colegas! Temos ser mais globais, mais integradores e tentar, sempre, perceber o que pode estar por trás da doença que tão bem diagnosticamos e tratamos. Isso não basta. A bem de Uma Saúde temos de pensar e atuar mais profundamente e, acima de tudo, estar interligado com todos os outros intervenientes da dimenção SAÚDE. Só assim teremos amanhã para os nossos descendentes.

Carlos Vasconcelos, Médico Especialista em Medicina Interna e Professor Catedrático convidado do ICBAS

Promover a saúde animal e humana

A saúde animal adquiriu uma importância sem paralelo. Com a pandemia COVID-19 ficou bem evidenciada a interligação entre a saúde humana, a saúde animal, o ambiente e a segurança alimentar.

Mais esquecida, porém, está uma outra luta com a qual nos debatemos diariamente, embora bem mais silenciosa: a resistência aos antibióticos. Trata-se de um desafio da maior relevância para atingir os objetivos elencados no Plano de Ação Europeu de “Uma Só Saúde” e na Estratégia do Prado ao Prato que levou, a partir do início deste ano, a serem aplicáveis novas regras para promover a saúde animal e combater a resistência antimicrobiana.

Limitar o recurso a antibióticos a situações de extrema necessidade é uma prioridade, tendo a União Europeia estabelecido como meta a sua redução para metade até 2030. Esta aposta começou já na produção animal, incluindo a aquacultura, onde a seleção de estirpes mais robustas, bem como a adoção de melhores práticas de cultivo, incluindo a vacinação, melhor higiene e adequação das condições ambientais à produção de cada espécie, são já uma prática corrente. Têm-se ainda desenvolvido estratégias eficazes para a prevenção de doenças, através do novo conceito de nutrição de precisão, onde as dietas são formuladas de forma rigorosa e personalizada para responder às exigências nutricionais de cada animal.

Atualmente recorrem-se a tecnologias de ponta (sensores, tecnologias de informação, inteligência artificial) capazes de monitorizar em tempo real o estado fisiológico do animal permitindo integrar um grande volume de dados e converte-los em tomadas de decisão rápidas e assertivas que antecipam cenários. O resultado destas boas práticas traduz-se no aumento da eficiência da produção e do bem-estar animal, minimizando o impacto no ambiente. Por outro lado, o controlo total da cadeia de valor do setor agroalimentar permite hoje garantir a rastreabilidade dos produtos e a segurança alimentar do consumidor

A produção animal tem apostado de forma crescente na utilização de dietas sustentáveis e funcionais com dois objetivos. Por um lado, a inclusão de suplementos que oferecem benefícios à saúde do animal, o que permite aumentar a sua capacidade de resistência a condições ambientais desafiadoras (temperaturas mais extremas, menor disponibilidade de água e águas mais ácidas). Por outro lado, podem ser depositados no músculo e ou no leite, e aumentar o valor nutricional destes produtos.

As preocupações dos consumidores com o valor nutricional dos alimentos são cada vez maiores. A procura de produtos com alegações específicas como sejam “fonte de selénio” ou “rico em ómega-3” é uma tendência global, à qual a produção animal tem, através de novas fórmulas, direcionado a diferentes grupos etários (crianças e idosos), ou estados de saúde.

Por isso, podem hoje ser encontrados alimentos ricos em ómega-3, em iodo e selénio, em ferro e outros minerais que, contrariamente às soluções inorgânicas disponíveis em farmácias, são facilmente assimiláveis, e por isso melhor utilizados pelo nosso organismo e mais saudáveis. Os suplementos alimentares na produção animal serão assim uma tendência crescente, que permitirá mitigar os desafios associados às alterações climáticas e contribuir para a produção de alimentos saudáveis e seguros.

Por fim gostava de mencionar o impacto das nossas escolhas alimentares no ambiente. Portugal é um país deficitário na produção da maioria dos produtos agrícolas que consome, incluindo carne, frutos, cereais (exceto arroz), leguminosas e oleaginosas. Ou seja, temos que importar estes produtos. Os transportes continuam a ser uma fonte significativa de poluição atmosférica, prejudicando o ambiente e a saúde humana. A escolha de produtos locais e sustentáveis deverá constituir-se como uma responsabilidade individual e um contributo de cada um para um planeta mais saudável.

Luísa M.P. Valente, Professora Associada do ICBAS

O Ambiente no conceito One Health

A Biosfera é a fina camada do nosso Planeta onde existe vida desde há 4 mil milhões de anos. De então para cá, os seres vivos experimentaram períodos de forte desenvolvimento, intercalados com outros de avassaladoras extinções. O Homo sapiens sapiens veio baralhar os processos naturais, fruto da enorme pressão exercida sobre o ambiente, agora à escala global. Da sobrevivência equilibrada no passado, passou-se para uma intervenção directa, onde imperam diversos interesses, entre os quais os económicos, à medida que a visão antropocêntrica do Planeta se consolidou.

A ideia de desenvolvimento sustentável surge em 1987, pela mão das Nações Unidas, face à escalada da acção do Homem sobre o Ambiente. Hoje, mais do que uma peça de retórica, é imperioso satisfazer as carências presentes de um mundo em mudança, sem por em risco o legado e as necessidades das gerações vindouras.

Nos dias que correm, temos cada vez mais a percepção de que tudo está interligado. Se por um lado a nossa actividade afecta o Ambiente, este continua a afectar o Homem, desde sempre e a degradação da Biosfera tem, inexoravelmente, efeitos dramáticos sobre a saúde humana, animal e vegetal.

Esta visão está, claramente, plasmada no conceito One Health, em que a saúde do Ambiente é uma das componentes chave e, cada vez mais, colocada na ordem do dia.

Adriano A. Bordalo e Sá, Director do Departamento de Estudos de Populações do ICBAS

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Vigilância da saúde de animais é fundamental para evitar transmissão de doenças a seres humanos

De tudo o que sabe até hoje, e que vai muito para além das teorias da conspiração, o SARS-CoV-2, o vírus que provoca a COVID-19 teve origem num animal. Os peritos da Organização Mundial de Saúde enviados a Wuhan, na China, concluíram que o cenário mais provável é de uma origem zoológica, através de um hospedeiro intermediário, fosse ele um morcego ou outro animal que ainda não foi identificado. O que veio mostrar quão essencial é vigiar os vírus nos animais de forma a evitar o contágio de seres humanos. É a chamada abordagem integrada da saúde que liga ambiente, animais e o Homem e que o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, já faz.

Veja a reportagem completa no site da RTP.

Fonte: RTP Notícias

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Contributos da Antrozoologia e da Psicologia Ambiental para Uma Saúde

O Departamento de Ciências do Comportamento do ICBAS integra uma equipa de investigação dedicada à produção de conhecimento científico nas áreas da Antrozoologia (ciência que estuda a interação entre pessoas e animais) e a Psicologia Ambiental (ciência que estuda o comportamento humano em sua inter-relação com o meio ambiente). Especial atenção tem sido dada ao potencial terapêutico dos animais de companhia (cães em particular) e aos benefícios das Intervenções Assistidas por Animais implementadas em diferentes contextos clínicos e educativos e junto de diversas populações. Atenção crescente tem também sido dada ao potencial catalisador de saúde associado ao contacto com ambientes naturais e biofílicos.

Claramente orientada por uma perspetiva de Promoção de Saúde, esta equipa de investigação assume como objetivo máximo a translação do conhecimento científico para a sociedade no sentido de i) apoiar a população a aumentar o seu controlo sobre, e melhorar, o seu bem-estar através do contacto com animais e ambientes naturais, ii) apoiar a integração nos serviços de saúde de intervenções envolvendo estes agentes, e ainda, por inerência iii) promover a proteção e conservação da Natureza enquanto fonte de saúde e bem-estar.

Para saber mais:

Cães como agentes promotores de imitação espontânea em crianças e adultos com transtorno do espectro autista grave

Associação entre níveis de ansiedade de donos e seus cães: efeitos de moderação e mediação

Contacto com a natureza reduz níveis de ruminação mental: o papel mediador do deslumbramento e do humor

Contacto: Doutora Karine Silva (cssilva@icbas.up.pt)

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Noticias

Semana Mundial para a Sensibilização das Resistências aos Antimicrobianos

O contributo das Universidades para a sensibilização das resistências aos antimicrobianos

De 18 a 24 de novembro decorreram, na Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), diversas iniciativas para assinalar a Semana Mundial para a Sensibilização das Resistências aos Antimicrobianos.

Tendo em conta o tema escolhido este ano “Spread Awareness, Stop Resistance/ Espalhe a consciência, pare a resistência”, a DGAV recolheu alguns testemunhos em vídeo, de diferentes personalidades e profissionais representando diversas perspectivas sobre o impacto das Resistências aos antimicrobianos na Saúde Publica, na Saúde Animal e no meio ambiente.

O Professor João Niza Ribeiro, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, neste vídeo, destaca o contributo das Universidades para a sensibilização das resistências aos antimicrobianos e para a aplicação das boas práticas para o uso responsável dos antimicrobianos, através da formação dos profissionais na área da produção animal, bem como ainda, através da colaboração com as autoridades para desenvolver e melhorar sistemas que permitam aos sectores da agropecuária responder ao grande desafio da diminuição da utilização destes fármacos.

Fonte: DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária

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Investigação

Estratégias alimentares inovadoras para promoção da saúde e do bem-estar de cães

Na Europa, a população de animais de companhia tem vindo a aumentar, sendo que, em 2020, se contabilizaram cerca de 90 milhões de cães, em 56 milhões de agregados familiares. Já em Portugal, cerca de 38% das famílias possuíam cães como animais de companhia, totalizando uma população de cerca de 2 milhões de animais. Assim, à semelhança da Europa, os lares portugueses têm já mais animais de companhia do que crianças, sendo estes considerados elementos ativos da família.

A crescente humanização dos animais de companhia tem exacerbado a preocupação dos tutores com a qualidade e a segurança alimentar, assim como com o impacto da alimentação no bem-estar e na saúde dos animais. Com efeito, os tutores procuram, cada vez mais, alimentos compostos completos que assegurem a satisfação das necessidades nutricionais e que, concomitantemente, tenham efeitos funcionais, mormente na promoção da saúde, no bem-estar e na longevidade. Acresce que o aumento da produção de alimentos compostos para fazer face ao aumento da população animal representa um impacto ambiental que não pode ser negligenciado.

Todas estas alterações têm contribuído para a necessidade de desenvolver novas estratégias alimentares, assim como identificar novos ingredientes mais sustentáveis dos pontos de vista ambiental, económico e social e com qualidades funcionais. O Laboratório de Ciência Animal, do ICBAS, tem desenvolvido vários projetos no sentido de encontrar estratégias alimentares mais sustentáveis que contribuam para a promoção da saúde, do bem-estar e da longevidade com qualidade, quer de cachorros, quer de cães adultos, em direção ao desafio societal de Uma Saúde.

Para saber mais:

Composição mineral de alimentos secos para cães: impacto na nutrição e potencial toxicidade

Efeitos da suplementação da dieta com selenito de sódio e leveduras enriquecidas com selénio na saúde de cachorros desde o desmame até à idade adulta

Efeitos do zinco e da adição de enzimas na microbiota fecal de cães

Contacto: Professora Ana Rita Cabrita (arcabrita@icbas.up.pt)

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