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ICBAS defende inspeção “post mortem” no combate à Tuberculose Bovina

Estudo vem suportar a decisão da DGAV de não implementar a proposta da legislação europeia de alteração do protocolo de inspeção sanitária de carne bovina.

Investigadores  do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, publicaram recentemente um estudo na revista One Health, no qual comprovam a importância da inspeção post mortem na identificação de lesões de Tuberculose Bovina (bTB), e o seu contributo para o respetivo Plano de Erradicação. O mesmo estudo vem ainda suportar a decisão da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) de não implementar a proposta da legislação europeia de alteração do protocolo de inspeção sanitária de carne bovina, tornando-a tendencialmente visual.

Realizado em colaboração com a DGAV e a Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), o trabalho agora publicado tem na sua base a regulamentação europeia que define novas regras nos controlos oficiais de géneros alimentícios, nomeadamente na inspeção sanitária de carnes.

O Regulamento de Execução (UE) 2019/627 prevê que “a inspeção sanitária da carne de bovinos possa ser tendencialmente visual nos animais até aos 8 meses e entre os 8 e os 20 meses, se estes forem criados em ambiente controlado, sem contacto com o meio exterior”, como explica a médica veterinária e docente do ICBAS, Eduarda Gomes Neves.

Estas alterações podem ter impacto na deteção desta zoonose e diminuir a eficiência do Plano Nacional de Erradicação da Tuberculose Bovina, em vigor desde 1991. O estudo faz uma análise de dados de 10 anos (entre outubro de 2010 e janeiro de 2020) e conclui que utilizar apenas a inspeção visual em bovinos mais jovens poderá ser insuficiente para a deteção de bTB.

Como explica Eduarda Gomes Neves, “no contexto atual ainda não faz sentido suprimir a incisão nos tecidos dos animais com idade inferior a 8 meses, sob pena de poder ser aprovada para o consumo humano carne de animais com lesões”. Com este trabalho, “fornecemos dados robustos que suportam a necessidade de manter os procedimentos anteriores, não flexibilizando, neste momento, a inspeção sanitária de bovinos. Os resultados do Plano Nacional de Erradicação da bTB indicam que o problema ainda persiste”, acrescenta a docente e investigadora.

Para além das conclusões partilhadas com a DGAV, com objetivo de fundamentar a tomada de decisão sobre a manutenção da prática de inspeção com palpações e incisões, este trabalho reforça a importância de abordar os problemas de saúde desde uma perspetiva integrada e holística.

“Quando trabalhamos questões relacionadas com segurança alimentar, saúde pública e saúde animal não podemos deixar de incluir a componente ambiental. No caso da Tuberculose Bovina, sabemos que o contacto direto ou indireto entre animais de produção e animais silváticos, por exemplo através do acesso a terrenos de pastagem, contribui para a transmissão da doença. As espécies cinegéticas, como veados ou javalis, constituem reservatórios do Mycobacterium bovis, como diversos estudos têm comprovado”, refere Eduarda Gomes Neves, concluindo que é fundamental manter esta investigação “dentro do âmbito Uma Saúde”.

Fonte: Notícias UP

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ICBAS caracteriza emissão de gases com efeito de estufa em explorações de bovinos

Investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) caracterizaram o potencial de emissão de gases com efeito de estufa em explorações de bovinos e descobriram diferenças significativas durante a fase de lactação que abrem “portas” para novas investigações.

Em declarações à agência Lusa, a investigadora e primeira autora do estudo, Ana Raquel Rodrigues, esclareceu que a investigação se debruçou sobre as “emissões de gases com efeito de estufa (metano, óxido nitroso e dióxido de carbono) e amoníaco” em três explorações comerciais de bovinos de leite da região Norte.

Nas explorações, os investigadores recolheram amostras de fezes e de urina dos animais em diferentes fases da lactação, que foram posteriormente avaliados e caracterizados em laboratório, com recurso a “câmaras que simulam o pavimento” das explorações.

“Verificámos as diferentes fases de lactação dos animais, os tempos de recolha e o potencial de emissão das fezes e de urina ao longo do dia”, afirmou Ana Raquel Rodrigues.

O trabalho foi desenvolvido pela investigadora Ana Raquel Rodrigues no contexto do Programa de Doutoramento em ambiente empresarial SANFEED.

Apesar de “preliminares“, os resultados do estudo, publicado na revista científica Journal of Environmental Management, mostram “diferenças ao nível das emissões de óxido nitroso e amoníaco no pós-pico de lactação”.

Também à Lusa, o investigador e coordenador do estudo, Henrique Trindade, esclareceu que no “pós-pico de lactação” os animais bovinos “emitem emissões superiores” de gases com efeito de estufa, o que impõem um “maior cuidado”, em particular, na adaptação dos sistemas de limpeza dos dejetos.

“A limpeza é muitas vezes feita da parte da manhã porque a lógica é de manhã se fazerem quase os trabalhos todos. Estudando em pormenor, poderá concluir-se que se calhar é preferível limpar com mais frequência ao final do dia e não tanto de manhã”, referiu, destacando que “ocorrem mais emissões durante a tarde“.

Henrique Trindade destacou ainda que os resultados foram obtidos em laboratório a “temperaturas e taxas de ventilação constantes”, o que na prática poderá ainda ser mais significativo em termos de emissões de gases, uma vez que “as temperaturas são mais elevadas do meio-dia para a tarde do que da parte da manhã”.

À Lusa, o coordenador adiantou que a informação recolhida neste estudo, e noutros desenvolvidos no âmbito do programa de doutoramento de Ana Raquel Rodrigues, poderá ajudar a, por exemplo, “ajustar os sistemas de manejo das dejeções“.

“Com estes resultados podemos começar a olhar para outros aspetos, como a frequência de remoção e aplicação de aditivos que reduzem as emissões. Uma série de medidas de mitigação que já estão disponíveis na atividade e que podem ser focadas nos períodos em que sabemos que as emissões são superiores”, referiu, destacando também a importância das medidas de mitigação serem “flexíveis” ao longo de todo o dia.

Ana Raquel Rodrigues salientou também que a investigação “abre portas” para outros trabalhos, uma vez que os resultados permitiram “compreender um pouco melhor os animais, os seus metabolismos e a forma como as fezes e urinas se comportam quando depositadas no chão”.

“Esta investigação abre portas, mas mais trabalhos terão de ser feitos para conseguirmos resultados ajustados à realidade e serem aplicados na prática”, acrescentou a estudante do programa de doutoramento Sustainable Animal Nutrition and Feeding (SANFEED), cofinanciado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e dirigido pelo ICBAS

Além do ICBAS, o estudo contou com a colaboração de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu (ESA-IPV).

A investigação foi ainda realizada em parceira com Cooperativa Agrícola de Vila do Conde e a AGROS – União de Cooperativas de Produtores de Leite.

Fonte: Observador

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ICBAS comemora ‘2nd Porto One Health Day’

Evento agendado para o Dia Internacional Uma Saúde (3 de novembro) vai reunir especialistas das mais variadas áreas para promover o debate sobre a abordagem holística da Saúde.

No próximo dia 3 de novembroDia Internacional Uma Saúde, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto vai voltar a reunir especialistas das mais variadas áreas e instituições do país para promover o debate em torno de uma abordagem holística da Saúde.

Este ano, com um programa mais direcionado para a comunidade não científica, o 2nd Porto One Health Day reflete o esforço que a instituição tem vindo a fazer para promover e difundir o conceito One Health/Uma Saúde entre a comunidade científica, académica e a sociedade civil.

Para Henrique Cyrne Carvalho, diretor do ICBAS, este é um momento muito importante de afirmação do trabalho que o ICBAS tem vindo a desenvolver: “promover esta abordagem tem sido central na nossa estratégia, temos feito várias reuniões com especialistas das mais variadas áreas, com o objetivo de mostrar que este é o caminho para o futuro e de encontrar soluções juntos para promovermos o desenvolvimento e aplicação de soluções com vista a garantir o bem-estar de todos, a sustentabilidade do planeta e a promoção da saúde pública”.

A sessão de dia 3 de novembro vai abrir com a apresentação pública do documento ‘Novos passos para a estratégia One Health do ICBAS’, um white paper que pretende apresentar propostas concretas para o futuro.

A tarde continuará com três mesas redondas que “são do total interesse público, uma vez que abordam temas que influenciam a vida de todos”, reforça Henrique Cyrne Carvalho.

“Esses temas são extremamente atuais e passam pela alimentação, resistências antimicrobianas e promoção da saúde no envelhecimento, em sessões totalmente abertas ao público “que constituem uma oportunidade para qualquer pessoa questionar especialistas de grande qualidade sobre estas temáticas, o que aliás nos parece fundamental. Aproximar a academia da sociedade civil é essencial para vingar esta proposta”, conclui o diretor do ICBAS.

Com início marcado para as 14h00, no Salão Nobre do ICBAS/FFUP, o ‘2nd Porto One Health Day’ culminará com a inauguração, às 18h45, da exposição itinerante de fotografia “Perspetiva(s) sobre Uma Saúde”, na estação de Metro dos Aliados.

Segundo Cyrne de Carvalho, “este é o ponto alto da itinerância desta exposição [que representa várias visões sobre o conceito “One Health”), uma vez que podemos chegar a milhares de pessoas por dia, não só da nossa cidade, mas também de vários pontos do país e do mundo. O formato vai ser um pouco diferente do que tem sido até aqui, e tem por objetivo confrontar as pessoas com várias questões do dia-a-dia que têm tudo que ver com esta abordagem”.

Fonte: Notícias UP

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ICBAS e FFUP desenvolvem projeto pioneiro na área da “Biofilia”

Projeto enquadrado no conceito “One Health” visa promover a saúde e o bem-estar daqueles que frequentam o complexo das duas faculdades.

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar  (ICBAS) e a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) vão desenvolver um projeto pioneiro que, tendo por base os princípios biofílicos e enquadrado no conceito One Health, pretende promover a saúde e o bem-estar da comunidade académica.

Este é um projeto que passa pela incorporação de elementos da natureza e suas representações no complexo ICBAS/FFUP (espaços interiores e exteriores), com o objetivo de influenciar, sistemicamente, a saúde e o bem-estar dos seus usuários.

Para o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho, este projeto “é uma forma de materializar o conceito “One Health”, mas também de reforçar a nossa preocupação com o bem-estar de toda a comunidade”.

“É um projeto ambicioso que, através do design biofílico, trará ao complexo ICBAS/FFUP um novo ambiente e novos espaços almejando uma melhor relação da comunidade com o nosso espaço construído”, adianta o responsável.

Também Domingos Ferreira, diretor da FFUP, partilha da visão holística de saúde global, e reforça “o compromisso das instituições com o bem-estar das comunidades académicas”. Para o diretor da FFUP, “o projeto não só é ambicioso, como reforça a posição do Complexo ICBAS/FFUP como um polo inovador na promoção da saúde, do bem-estar e da integração com todas as áreas das ciências da vida”.

O que é a Biofilia?

A “Teoria da Biofilia” defende que o ser humano está biologicamente programado para se relacionar com sistemas vivos e que esta relação com a natureza é instrumental para o bem-estar e a saúde física e mental.

“Com este projeto, iremos avaliar o potencial do design biofílico enquanto ferramenta de intervenção no espaço académico visando a promoção de saúde e bem-estar”, como explica Karine Silva, investigadora no Departamento de Ciências do Comportamento do ICBAS e no ISPUP, e mentora do projeto científico.

“Apoiando-nos na Teoria da Biofilia, procuraremos criar espaços orgânicos numa paisagem árida, que promovam o relaxamento e a restauração psicológica, assim como estimulem a criatividade, a convivência e a partilha”, acrescenta.

Recorrendo a uma dinâmica participativa de “photovoice”, toda a comunidade ICBAS/FFUP será convidada a refletir sobre o conceito da Biofilia e a contribuir com sugestões para a implementação do mesmo no espaço construído ICBAS/FFUP.

As sugestões recolhidas serão sujeitas a uma análise especializada e multidisciplinar em contexto de “focus group”, e a intervenção resultante será sujeita a uma avaliação quanto ao seu impacto ao nível de um conjunto de parâmetros de saúde e bem-estar.

Karine Silva reforça a pertinência desta abordagem, no contexto pós-pandémico: “Recentemente, a pandemia por COVID-19 sublinhou de forma contundente a necessidade de uma reconfiguração da relação das pessoas com os espaços construídos, reforçando assim a potencialidade do design biofílico”:

Esta atividade é desenvolvida em parceria com o Gabinete de Apoio ao Estudante, Empregabilidade e Alumni. Segundo a coordenadora daquele organismo, Isabel Lourinho, a pandemia trouxe “um agravamento da saúde mental no contexto universitário”, motivo pelo qual “é urgente promover a literacia em saúde mental e desenvolver atividades multidisciplinares ao nível da prevenção e promoção do bem-estar”.

Este projeto, além de concretizar o conceito ‘One Health’, eleva assim o complexo ICBAS/FFUP a embaixador do design biofílico no contexto académico português, promovendo o seu reconhecimento no palco internacional enquanto agente ativo de promoção de saúde e bem-estar.

Fonte: Notícias UP

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ICBAS e CIIMAR alertam para efeitos do consumo de lítio e microplásticos

O estudo, desenvolvido por investigadores do CIIMAR e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, foi publicado na revista Science of the Total Environment e identifica “pela primeira vez” o aparecimento de efeitos adversos a longo prazo relacionados com o consumo combinado de lítio e microplásticos.

Os investigadores recorreram à análise de um crustáceo planctónico (Daphnia magna), vulgarmente conhecido como pulga-de-água, e concluíram que a exposição a longo prazo a concentrações de lítio e misturas de lítio e microplásticos decresceu a sua reprodução “até menos 93% e 90%”, respetivamente.

Paralelamente, a exposição a lítio reduziu a taxa de crescimento das populações da pulga-de-água em 67% e a exposição a misturas de lítio e microplásticos em 58%.

A investigadora Lúcia Guilhermino adianta que os resultados são “preocupantes” e que os efeitos da redução do zooplâncton podem ter “consequências muito graves para os ecossistemas”.

“Estes organismos [zooplâncton] representam a base das cadeias tróficas, para além de serem essenciais para manter a qualidade da água de que todos dependemos, através da sua filtração enquanto se alimentam”, observa a líder da equipa de investigação em Ecotoxicologia, Ecologia do Stress e Saúde Ambiental do CIIMAR.

Lúcia Guilhermino destaca ainda que a pulga-de-água tem um sistema nervoso “muito desenvolvido”, permitindo que os resultados obtidos no estudo possam ser “extrapolados” para outros animais, incluindo mamíferos.

O estudo serve também de “alerta para os efeitos que podem estar a ser exercidos na população humana, sobretudo em regiões ricas em lítio, zonas com elevada densidade populacional e grande utilização de dispositivos eletrónicos, e áreas industriais ou recetoras de lixo eletrónico”.

Lúcia Guilhermino, docente do ICBAS e investigadora no CIIMAR, estuda os efeitos biológicos e ecológicos de contaminantes ambientais e o seu impacto nos ecossistemas.

“Apesar da sua origem natural, o lítio é um elemento muito reativo do ponto de vista biológico”, realça Lúcia Guilhermino, lembrando que este elemento pode provocar “toxicidade em vários sistemas e órgãos, como o sistema nervoso, o fígado, os rins e o aparelho reprodutivo, através de mecanismos que ainda não estão completamente descritos”.

Também em relação aos microplásticos, a investigadora destaca que estes materiais podem “atuar como esponjas e ligar outros contaminantes, como o lítio, alterando a sua incorporação, acumulação e toxicidade”.

“Todos os organismos vivos estão simultaneamente expostos a muitos poluentes ao longo da vida, e a interação entre esses agentes químicos pode levar a efeitos tóxicos diferentes, alterando os limites de segurança previamente estabelecidos”, acrescenta Lúcia Guilhermino, que é também docente no ICBAS, onde coordena o Laboratório de Ecotoxicologia e Ecologia.

Neste momento, os investigadores estão a desenvolver estudos para avaliar as consequências resultantes das alterações climáticas globais nos efeitos a longo prazo do lítio, microplásticos e as suas misturas.

Este trabalho, que contou com a colaboração da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e do CESPU — Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, foi cofinanciado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pelo programa Compete 2020 e pelo programa Norte 2020.

Fonte: Sapo Lifestyle

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Alimentação produz impactos na fertilidade que podem ser herdados por duas gerações

As escolhas alimentares dos pais poderão ter consequências na saúde dos filhos.

Um estudo desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, concluiu que a alimentação produz impactos na fertilidade masculina que podem ser transmitidos e herdados por duas gerações.

O instituto revela que no estudo, publicado na revista “Molecular Nutrition & Food Research“, os investigadores da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica do ICBAS descreveram os biomarcadores que permitem identificar uma “memória metabólica” presente nos testículos.

As alterações são “consequência da ingestão de uma dieta rica em gordura” e podem ser herdadas por duas gerações, isto é, pai-filho-neto, tendo “implicações na fertilidade masculina”. 

Marco Alves e Luís Crisóstomo, no centro da imagem, na defesa de doutoramento do estudante do ICBAS, acompanhados pelo júri e por toda a equipa de investigação.

A equipa, liderada pelo investigador Marco Alves, já tinha determinado, em trabalhos anteriores, que a ingestão excessiva de gordura durante as primeiras fases da vida altera o conteúdo lípido e o metabolismo dos testículos, “afetando negativamente a capacidade reprodutiva durante o resto da vida” e “resultando em alterações que não são reversíveis com a mudança para uma dieta equilibrada”.

Neste estudo, realizado também em modelos animais (ratinhos), os investigadores “foram mais além” e descreveram os efeitos transgeracionais que são transmitidos pelos pais que ingerem uma dieta rica em gorduras a filhos e netos que seguiram uma dieta equilibrada. 

 “A descendência mostrou, nos testículos, uma alteração no metabolismo da colina”, isto é, um nutriente essencial para a regulação de várias funções, como a função cerebral, e o desenvolvimento de espermatozoides.

A investigação mostrou ainda alterações na atividade das mitocôndrias, nas defesas antioxidantes e na presença de vários lípidos. 

“Estas alterações promovem um ambiente pró inflamatório no testículo, alterando a contagem e a qualidade espermática”, salienta o ICBAS, notando que os efeitos transgeracionais também se observam quando a ingestão de gorduras pelo pai é apenas até à puberdade. 

Citado no comunicado, o investigador Marco Alves salienta que a reprodução “também é reflexo da dieta”. 

“As nossas escolhas alimentares vão ter consequências nos nossos filhos e, muito possivelmente, também nos nossos netos”, afirma, acrescentando que estes efeitos podem ter ainda mais impacto nos processos de reprodução assistida, uma vez que o espermatozoide é escolhido de forma aleatória e sem ter em conta biomarcadores como os identificados no estudo.

“O aumento da infertilidade está claramente associado ao aumento das doenças metabólicas (sobrepeso, obesidade e diabetes, entre outras), tendo sido esta associação já reconhecida pela Organização Mundial da Saúde”, destaca Marco Alves. 

A memória metabólica no testículo é transmitida pelas células de Sertoli, que respondem asseguram todas as necessidades estruturais e metabólicas durante o processo de formação dos espermatozoides. 

Os estímulos captados por estas células além de alterarem a sua própria expressão genética, alteram também a epigenética. 

“Conhecer estas alterações e os mecanismos de transmissão, permitirá selecionar os melhores espermatozoides e a melhor janela de tempo para realizar fertilizações in vitro, melhorando a eficiência das técnicas de reprodução assistida e abrindo novas oportunidades terapêuticas na infertilidade masculina”, acrescenta o investigador.

Além da equipa do ICBAS, o estudo contou também com investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, da Universidade de Aveiro, do Instituto Politécnico da Guarda e da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP).

O trabalho resultou ainda de várias parcerias internacionais, incluindo a Universidade de Zagreb e a University College of London.

Fonte: CNN Portugal

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Vacinas – uma super ferramenta One Health!

Por Begoña Pérez-Cabezas, ICBAS

PORTO – A varíola, causada pelo vírus com o mesmo nome, foi uma das doenças infeciosas mais devastadoras para a humanidade. A vacina contra a varíola, criada por Edward Jenner em 1796, foi a primeira vacina bem-sucedida a ser desenvolvida. Jenner observou que os criadores de vacas que tinham sofrido varíola bovina, não desenvolviam varíola humana. Mostrou, também, que a inoculação de material proveniente de lesões de varíola bovina protegia as pessoas da varíola humana. Esta ligação entre uma doença veterinária e uma doença humana, estabelecida por um agricultor e um médico, é um exemplo da abordagem One Health.
As vacinas são uma das ferramentas mais importantes para a prevenção, controlo e erradicação de doenças infeciosas. Mas vacinar apenas as pessoas não é suficiente para garantir a saúde de todos. Vacinar animais é uma barreira essencial para evitar a transmissão de algumas zoonoses – doenças que se transmitem dos animais para os humanos. O seu uso pode controlar doenças em animais de companhia e animais domésticos, como são, por exemplo, a raiva e a febre do Vale do Rift. As vacinas são também úteis para garantir a obtenção de alimentos seguros através da manutenção de populações de gado saudáveis. Um exemplo é a vacinação de aves contra a Salmonella.
Mas os benefícios da vacinação não são só estes! As vacinas são também essenciais para reduzir o uso de antimicrobianos, evitando o surgimento e a disseminação das resistências a estes medicamentos, que afetam gravemente os setores humano, animal e ambiental. O seu uso também contribui para combater as alterações climáticas, uma vez que o aumento da produtividade animal diminui a emissão de gases do efeito estufa por Kg de alimento animal produzido.
Por isso, lembre-se, a vacinação tem um grande impacto na saúde de todos. Faça parte da solução e vacine-se!

Créditos de imagem: Mat Napo, Unsplash.

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2nd Porto One Health Day

Celebração do dia Internacional de Uma Saúde no ICBAS

3 de novembro de 2022, 14h

No próximo dia 3 de novembro, Dia Internacional Uma Saúde, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto vai voltar a reunir especialistas das mais variadas áreas e instituições do país para promover o debate em torno de uma abordagem holística da Saúde.

Este ano, com um programa mais direcionado para a comunidade não científica, o 2nd Porto One Health Day reflete o esforço que a instituição tem vindo a fazer para promover e difundir o conceito One Health/Uma Saúde entre a comunidade científica, académica e a sociedade civil.

As comemorações terminam com a inauguração da exposição ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’, na Estação de Metro dos Aliados, às 18h45.

Inscrições aqui.

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Exposição de Fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’ no CPF

Esta é uma seleção de imagens que retratam a visão integrada da Saúde que o ICBAS tem vindo a promover, resultado do concurso de fotografia homónimo que decorreu nos meses de março e abril de 2022.

O concurso de fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde‘ pretendeu promover a divulgação do conceito na comunidade académica U. Porto. Foram recebidas cerca de 250 imagens, das quais, o ICBAS, juntamente com o Instituto Português de Fotografia (IPF), parceiro neste projeto, selecionaram 20 fotografias para uma exposição itinerante que passará em vários locais da cidade do Porto.

A exposição pode ser visitada agora no Centro Português de Fotografia (CPF), entre 3 e 30 de outubro (Antiga Cadeia e Tribunal da Relação do Porto, Largo Amor da Perdição, 4050-008 Porto). A entrada é gratuita.

Esta exposição constitui uma oportunidade para promover uma reflexão conjunta sobre o conceito Uma Saúde, bem como alertar a sociedade civil para o impacto que todos temos na saúde humana, animal e do ambiente.

Consulte a folha de sala aqui.

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Exposição de Fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde’ no ICBAS

Esta é uma seleção de imagens que retratam a visão integrada da Saúde que o ICBAS tem vindo a promover, resultado do concurso de fotografia homónimo que decorreu nos meses de março e abril de 2022.

O concurso de fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde pretendeu promover a divulgação do conceito na comunidade académica U. Porto. Foram recebidas cerca de 250 imagens, das quais, o ICBAS, juntamente com o Instituto Português de Fotografia (IPF), parceiro neste projeto, selecionaram 20 fotografias para uma exposição itinerante que passará em vários locais da cidade do Porto.

A exposição pode ser visitada agora no ICBAS, espalhada em diferentes pontos da Escola, entre 12 de setembro e 4 de novembro (R. Jorge de Viterbo Ferreira 228, 4050-313 Porto).

Esta exposição constitui uma oportunidade para promover uma reflexão conjunta sobre o conceito Uma Saúde, bem como alertar a sociedade civil para o impacto que todos temos na saúde humana, animal e do ambiente.

Consulte a folha de sala aqui.

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