Esta é uma seleção de imagens que retratam a visão integrada da Saúde que o ICBAS tem vindo a promover, resultado do concurso de fotografia homónimo que decorreu nos meses de março e abril de 2022.
O concurso de fotografia ‘Perspetiva(s) sobre Uma Saúde‘ pretendeu promover a divulgação do conceito na comunidade académica U. Porto. Foram recebidas cerca de 250 imagens, das quais, o ICBAS, juntamente com o Instituto Português de Fotografia (IPF), parceiro neste projeto, selecionaram 20 fotografias para uma exposição itinerante que passou em vários locais da cidade do Porto.
A exposição pode ser visitada agora, pela primeira vez, fora do Porto, na Galeria Municipal da Câmara Municipal de Alcochete, entre 6 e 27 de abril de 2023 (Paços do Concelho – Largo de São João 5 – Alcochete). A entrada é gratuita.
Esta exposição constitui uma oportunidade para promover uma reflexão conjunta sobre o conceito Uma Saúde, bem como alertar a sociedade civil para o impacto que todos temos na saúde dos humanos, dos animais e do ambiente.
PORTO – É bem conhecido de todos que muitas doenças crónicas aparecem como consequência da exposição a elementos mutagénicos do ar, água e solo, podendo levar a doenças graves. O cancro é, talvez, o caso mais conhecido de uma doença em que a exposição ambiental tem um efeito mais notável. Mas o cancro está longe de ser o único exemplo, uma vez que a poluição também pode aumentar o risco de muitas outras doenças. Entre eles estão problemas respiratórios crónicos, doenças de pele e doenças cardiovasculares. Como todos dividimos o mesmo ambiente, o efeito patogénico dos poluentes também pode afetar os animais, como por exemplo, os nossos animais de companhia. Nesse cenário, como adotar uma abordagem One Health para prevenir o impacto nocivo da exposição ambiental?
Tomando a poluição do ar como exemplo, uma maneira simples pode ser refletir sobre as escolhas quotidianas que fazemos, como por exemplo na forma como nos deslocamos. A maioria de nós utiliza o automóvel, mas podemos optar pelo uso de transportes públicos, bicicleta ou andar a pé, sempre que possível, de forma a contribuir para a redução da emissão de poluentes. Desta forma, estamos a contribuir para a saúde ambiental e para o impacto positivo na redução do risco de doenças agudas e crónicas mediadas pela qualidade do ar, tanto em humanos quanto em animais.
Projeto pioneiro na U.Porto visa a promoção de saúde mental e bem-estar da comunidade através do contacto e reconexão com a natureza.
O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), em parceria com a Go Wild, lançou recentemente os ‘Banhos de Natureza’, um projeto pioneiro na Universidade do Porto, que tem como objetivo a promoção de saúde mental e bem-estar através do contacto e reconexão com a natureza.
Para testar este novo conceito, o ICBAS desafiou um grupo de trabalhadores e estudantes a desligarem-se das suas preocupações e afazeres por 90 minutos, para se deixarem guiar numa reconexão com a Natureza. O dia estava convidativo e as expectativas eram altas, apesar de algum ceticismo.
Foram 90 minutos de presença e envolvimento ativo com os vizinhos jardins do Palácio de Cristal numa tentativa de devolver tranquilidade e reduzir os níveis de stress e fadiga mental da comunidade académica do Instituto.
Como tudo começou…
A pandemia foi impulsionadora do projeto Go Wild, numa altura em que Nadja Imhof, uma das fundadoras, se sentia muito desconectada da natureza: “Fiz alguma investigação e percebi que os banhos de natureza eram uma prática muito comum noutros países e com uma base científica sólida, pelo que decidi iniciar o treino online de seis meses para ser guia certificada”.
Depois de concluída a formação, Nadja e Vanessa, psicóloga e parceira neste projeto, começaram por definir uma estratégia que passava por encontrar locais na cidade propícios a esta prática e por encontrar o público alvo.
“Os estudantes, que na pandemia estavam muito isolados e com quadros de ansiedade pareceram-nos o target ideal, por isso começamos a procurar formas de chegar a eles e foi assim que nos cruzámos com o ICBAS. Para além disso, sabíamos que para isto resultar, tínhamos que procurar locais perto da cidade, ou na própria cidade, que por isso motivassem as pessoas a participar”, explica Nadja Imhof.
Hoje, este é um projeto mais robusto que tem vindo a crescer “embora devagar. Afinal, isto é, uma prática nova em Portugal e as pessoas não estão muito à vontade com esta proximidade”, realça a fundadora do projeto.
‘Banhos de Natureza’ promotores de bem-estar
Mas timidez, vergonha ou resistência à parte, os ‘Banhos de Natureza’ têm juntado uma comunidade cada vez maior de seguidores, graças aos múltiplos benefícios físicos e mentais que representam.
“Os benefícios são globais, mentais e físicos. Físicos porque mesmo sem correr estamos a mexer o nosso corpo. Mentais porque está provado que este contacto com a natureza reduz a ansiedade e todos os sentimentos relacionados com depressão ou stress. O que nos ajuda a dormir melhor, aumenta a nossa capacidade de concentração e criatividade”, esclarece Nadja Imhof.
Também para João Silva, estudante da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) e colaborador da investigadora Karine Silva, do Departamento de Ciências do Comportamento do ICBAS, tornar-se guia dos Banhos de Natureza tem sido uma experiência “incrível”.
“Perceber que a conexão com a natureza tem tantos benefícios, com bases científicas tão sólidas, foi muito importante para o meu trabalho. Neste momento gostava que este projeto chegasse a mais pessoas, e acima de tudo de ver estas pessoas a fazerem banhos de natureza por elas próprias. Dar-lhes a receita e elas poderem fazer disto rotina”, enaltece o estudante.
“Teste” ultrapassado com sucesso
A verdade é que, após uma hora e meia passada em profundo contacto com a natureza, as opiniões foram unânimes: “esta atividade constituiu uma excelente iniciativa, que sem dúvida nos faz sentir melhores, mais calmos, mais serenos, melhor preparados e motivados para o trabalho.”
Para os participantes esta é uma “uma excelente forma de ganharmos energia, de nos sentirmos melhor connosco próprios”, como destacou Nuno Ferreira, do Serviço de Informática do ICBAS.
“Ofereceu-nos novas ferramentas para reduzir a ansiedade”, destaca por sua vez Sara Pereira, do Gabinete de Relações Internacionais e Mobilidade, sobre uma experiência que promete repetir.
Um compromisso partilhado por Zélia Lopes, da Unidade de Pós-Graduação e Educação Continua “Adorei, sinto-me muito tranquila e decidi que vou começar a vir mais vezes ao Palácio de Cristal conectar-me com a natureza. Sem dúvida que esta ação foi impulsionadora desta decisão”.
Também para a estudante do Mestrado Integrado em Medicina, Maria João Estêvão, esta é uma atividade que vai recomendar aos colegas: “Foi uma manha diferente e foi muito positivo vir aqui desacelerar um pouco. Nunca tinha olhado para o Palácio desta forma. Recomendo totalmente acho que esta é uma estratégia muito importante para reduzir a ansiedade”.
Estudo vem suportar a decisão da DGAV de não implementar a proposta da legislação europeia de alteração do protocolo de inspeção sanitária de carne bovina.
Investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, publicaram recentemente um estudo na revista One Health, no qual comprovam a importância da inspeção post mortem na identificação de lesões de Tuberculose Bovina (bTB), e o seu contributo para o respetivo Plano de Erradicação. O mesmo estudo vem ainda suportar a decisão da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) de não implementar a proposta da legislação europeia de alteração do protocolo de inspeção sanitária de carne bovina, tornando-a tendencialmente visual.
Realizado em colaboração com a DGAV e a Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), o trabalho agora publicado tem na sua base a regulamentação europeia que define novas regras nos controlos oficiais de géneros alimentícios, nomeadamente na inspeção sanitária de carnes.
O Regulamento de Execução (UE) 2019/627 prevê que “a inspeção sanitária da carne de bovinos possa ser tendencialmente visual nos animais até aos 8 meses e entre os 8 e os 20 meses, se estes forem criados em ambiente controlado, sem contacto com o meio exterior”, como explica a médica veterinária e docente do ICBAS, Eduarda Gomes Neves.
Estas alterações podem ter impacto na deteção desta zoonose e diminuir a eficiência do Plano Nacional de Erradicação da Tuberculose Bovina, em vigor desde 1991. O estudo faz uma análise de dados de 10 anos (entre outubro de 2010 e janeiro de 2020) e conclui que utilizar apenas a inspeção visual em bovinos mais jovens poderá ser insuficiente para a deteção de bTB.
Como explica Eduarda Gomes Neves, “no contexto atual ainda não faz sentido suprimir a incisão nos tecidos dos animais com idade inferior a 8 meses, sob pena de poder ser aprovada para o consumo humano carne de animais com lesões”. Com este trabalho, “fornecemos dados robustos que suportam a necessidade de manter os procedimentos anteriores, não flexibilizando, neste momento, a inspeção sanitária de bovinos. Os resultados do Plano Nacional de Erradicação da bTB indicam que o problema ainda persiste”, acrescenta a docente e investigadora.
Para além das conclusões partilhadas com a DGAV, com objetivo de fundamentar a tomada de decisão sobre a manutenção da prática de inspeção com palpações e incisões, este trabalho reforça a importância de abordar os problemas de saúde desde uma perspetiva integrada e holística.
“Quando trabalhamos questões relacionadas com segurança alimentar, saúde pública e saúde animal não podemos deixar de incluir a componente ambiental. No caso da Tuberculose Bovina, sabemos que o contacto direto ou indireto entre animais de produção e animais silváticos, por exemplo através do acesso a terrenos de pastagem, contribui para a transmissão da doença. As espécies cinegéticas, como veados ou javalis, constituem reservatórios do Mycobacterium bovis, como diversos estudos têm comprovado”, refere Eduarda Gomes Neves, concluindo que é fundamental manter esta investigação “dentro do âmbito Uma Saúde”.
Investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) caracterizaram o potencial de emissão de gases com efeito de estufa em explorações de bovinos e descobriram diferenças significativas durante a fase de lactação que abrem “portas” para novas investigações.
Em declarações à agência Lusa, a investigadora e primeira autora do estudo, Ana Raquel Rodrigues, esclareceu que a investigação se debruçou sobre as “emissões de gases com efeito de estufa (metano, óxido nitroso e dióxido de carbono) e amoníaco” em três explorações comerciais de bovinos de leite da região Norte.
Nas explorações, os investigadores recolheram amostras de fezes e de urina dos animais em diferentes fases da lactação, que foram posteriormente avaliados e caracterizados em laboratório, com recurso a “câmaras que simulam o pavimento” das explorações.
“Verificámos as diferentes fases de lactação dos animais, os tempos de recolha e o potencial de emissão das fezes e de urina ao longo do dia”, afirmou Ana Raquel Rodrigues.
Apesar de “preliminares“, os resultados do estudo, publicado na revista científica Journal of Environmental Management, mostram “diferenças ao nível das emissões de óxido nitroso e amoníaco no pós-pico de lactação”.
Também à Lusa, o investigador e coordenador do estudo, Henrique Trindade, esclareceu que no “pós-pico de lactação” os animais bovinos “emitem emissões superiores” de gases com efeito de estufa, o que impõem um “maior cuidado”, em particular, na adaptação dos sistemas de limpeza dos dejetos.
“A limpeza é muitas vezes feita da parte da manhã porque a lógica é de manhã se fazerem quase os trabalhos todos. Estudando em pormenor, poderá concluir-se que se calhar é preferível limpar com mais frequência ao final do dia e não tanto de manhã”, referiu, destacando que “ocorrem mais emissões durante a tarde“.
Henrique Trindade destacou ainda que os resultados foram obtidos em laboratório a “temperaturas e taxas de ventilação constantes”, o que na prática poderá ainda ser mais significativo em termos de emissões de gases, uma vez que “as temperaturas são mais elevadas do meio-dia para a tarde do que da parte da manhã”.
À Lusa, o coordenador adiantou que a informação recolhida neste estudo, e noutros desenvolvidos no âmbito do programa de doutoramento de Ana Raquel Rodrigues, poderá ajudar a, por exemplo, “ajustar os sistemas de manejo das dejeções“.
“Com estes resultados podemos começar a olhar para outros aspetos, como a frequência de remoção e aplicação de aditivos que reduzem as emissões. Uma série de medidas de mitigação que já estão disponíveis na atividade e que podem ser focadas nos períodos em que sabemos que as emissões são superiores”, referiu, destacando também a importância das medidas de mitigação serem “flexíveis” ao longo de todo o dia.
Ana Raquel Rodrigues salientou também que a investigação “abre portas” para outros trabalhos, uma vez que os resultados permitiram “compreender um pouco melhor os animais, os seus metabolismos e a forma como as fezes e urinas se comportam quando depositadas no chão”.
“Esta investigação abre portas, mas mais trabalhos terão de ser feitos para conseguirmos resultados ajustados à realidade e serem aplicados na prática”, acrescentou a estudante do programa de doutoramento Sustainable Animal Nutrition and Feeding (SANFEED), cofinanciado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e dirigido pelo ICBAS
Além do ICBAS, o estudo contou com a colaboração de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu (ESA-IPV).
A investigação foi ainda realizada em parceira com Cooperativa Agrícola de Vila do Conde e a AGROS – União de Cooperativas de Produtores de Leite.
Evento agendado para o Dia Internacional Uma Saúde (3 de novembro) vai reunir especialistas das mais variadas áreas para promover o debate sobre a abordagem holística da Saúde.
No próximo dia 3 de novembro, Dia Internacional Uma Saúde, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto vai voltar a reunir especialistas das mais variadas áreas e instituições do país para promover o debate em torno de uma abordagem holística da Saúde.
Este ano, com um programa mais direcionado para a comunidade não científica, o 2nd Porto One Health Day reflete o esforço que a instituição tem vindo a fazer para promover e difundir o conceito One Health/Uma Saúde entre a comunidade científica, académica e a sociedade civil.
Para Henrique Cyrne Carvalho, diretor do ICBAS, este é um momento muito importante de afirmação do trabalho que o ICBAS tem vindo a desenvolver: “promover esta abordagem tem sido central na nossa estratégia, temos feito várias reuniões com especialistas das mais variadas áreas, com o objetivo de mostrar que este é o caminho para o futuro e de encontrar soluções juntos para promovermos o desenvolvimento e aplicação de soluções com vista a garantir o bem-estar de todos, a sustentabilidade do planeta e a promoção da saúde pública”.
A sessão de dia 3 de novembro vai abrir com a apresentação pública do documento ‘Novos passos para a estratégia One Health do ICBAS’, um white paper que pretende apresentar propostas concretas para o futuro.
A tarde continuará com três mesas redondas que “são do total interesse público, uma vez que abordam temas que influenciam a vida de todos”, reforça Henrique Cyrne Carvalho.
“Esses temas são extremamente atuais e passam pela alimentação, resistências antimicrobianas e promoção da saúde no envelhecimento, em sessões totalmente abertas ao público “que constituem uma oportunidade para qualquer pessoa questionar especialistas de grande qualidade sobre estas temáticas, o que aliás nos parece fundamental. Aproximar a academia da sociedade civil é essencial para vingar esta proposta”, conclui o diretor do ICBAS.
Com início marcado para as 14h00, no Salão Nobre do ICBAS/FFUP, o ‘2nd Porto One Health Day’ culminará com a inauguração, às 18h45, da exposição itinerante de fotografia “Perspetiva(s) sobre Uma Saúde”, na estação de Metro dos Aliados.
Segundo Cyrne de Carvalho, “este é o ponto alto da itinerância desta exposição [que representa várias visões sobre o conceito “One Health”), uma vez que podemos chegar a milhares de pessoas por dia, não só da nossa cidade, mas também de vários pontos do país e do mundo. O formato vai ser um pouco diferente do que tem sido até aqui, e tem por objetivo confrontar as pessoas com várias questões do dia-a-dia que têm tudo que ver com esta abordagem”.
Projeto enquadrado no conceito “One Health” visa promover a saúde e o bem-estar daqueles que frequentam o complexo das duas faculdades.
O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) vão desenvolver um projeto pioneiro que, tendo por base os princípios biofílicos e enquadrado no conceito One Health, pretende promover a saúde e o bem-estar da comunidade académica.
Este é um projeto que passa pela incorporação de elementos da natureza e suas representações no complexo ICBAS/FFUP (espaços interiores e exteriores), com o objetivo de influenciar, sistemicamente, a saúde e o bem-estar dos seus usuários.
Para o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho, este projeto “é uma forma de materializar o conceito “One Health”, mas também de reforçar a nossa preocupação com o bem-estar de toda a comunidade”.
“É um projeto ambicioso que, através do design biofílico, trará ao complexo ICBAS/FFUP um novo ambiente e novos espaços almejando uma melhor relação da comunidade com o nosso espaço construído”, adianta o responsável.
Também Domingos Ferreira, diretor da FFUP, partilha da visão holística de saúde global, e reforça “o compromisso das instituições com o bem-estar das comunidades académicas”. Para o diretor da FFUP, “o projeto não só é ambicioso, como reforça a posição do Complexo ICBAS/FFUP como um polo inovador na promoção da saúde, do bem-estar e da integração com todas as áreas das ciências da vida”.
O que é a Biofilia?
A “Teoria da Biofilia” defende que o ser humano está biologicamente programado para se relacionar com sistemas vivos e que esta relação com a natureza é instrumental para o bem-estar e a saúde física e mental.
“Com este projeto, iremos avaliar o potencial do design biofílico enquanto ferramenta de intervenção no espaço académico visando a promoção de saúde e bem-estar”, como explica Karine Silva, investigadora no Departamento de Ciências do Comportamento do ICBAS e no ISPUP, e mentora do projeto científico.
“Apoiando-nos na Teoria da Biofilia, procuraremos criar espaços orgânicos numa paisagem árida, que promovam o relaxamento e a restauração psicológica, assim como estimulem a criatividade, a convivência e a partilha”, acrescenta.
Recorrendo a uma dinâmica participativa de “photovoice”, toda a comunidade ICBAS/FFUP será convidada a refletir sobre o conceito da Biofilia e a contribuir com sugestões para a implementação do mesmo no espaço construído ICBAS/FFUP.
As sugestões recolhidas serão sujeitas a uma análise especializada e multidisciplinar em contexto de “focus group”, e a intervenção resultante será sujeita a uma avaliação quanto ao seu impacto ao nível de um conjunto de parâmetros de saúde e bem-estar.
Karine Silva reforça a pertinência desta abordagem, no contexto pós-pandémico: “Recentemente, a pandemia por COVID-19 sublinhou de forma contundente a necessidade de uma reconfiguração da relação das pessoas com os espaços construídos, reforçando assim a potencialidade do design biofílico”:
Esta atividade é desenvolvida em parceria com o Gabinete de Apoio ao Estudante, Empregabilidade e Alumni. Segundo a coordenadora daquele organismo, Isabel Lourinho, a pandemia trouxe “um agravamento da saúde mental no contexto universitário”, motivo pelo qual “é urgente promover a literacia em saúde mental e desenvolver atividades multidisciplinares ao nível da prevenção e promoção do bem-estar”.
Este projeto, além de concretizar o conceito ‘One Health’, eleva assim o complexo ICBAS/FFUP a embaixador do design biofílico no contexto académico português, promovendo o seu reconhecimento no palco internacional enquanto agente ativo de promoção de saúde e bem-estar.
O estudo, desenvolvido por investigadores do CIIMAR e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, foi publicado na revistaScience of the Total Environment e identifica “pela primeira vez” o aparecimento de efeitos adversos a longo prazo relacionados com o consumo combinado de lítio e microplásticos.
Os investigadores recorreram à análise de um crustáceo planctónico (Daphnia magna), vulgarmente conhecido como pulga-de-água, e concluíram que a exposição a longo prazo a concentrações de lítio e misturas de lítio e microplásticos decresceu a sua reprodução “até menos 93% e 90%”, respetivamente.
Paralelamente, a exposição a lítio reduziu a taxa de crescimento das populações da pulga-de-água em 67% e a exposição a misturas de lítio e microplásticos em 58%.
A investigadora Lúcia Guilhermino adianta que os resultados são “preocupantes” e que os efeitos da redução do zooplâncton podem ter “consequências muito graves para os ecossistemas”.
“Estes organismos [zooplâncton] representam a base das cadeias tróficas, para além de serem essenciais para manter a qualidade da água de que todos dependemos, através da sua filtração enquanto se alimentam”, observa a líder da equipa de investigação em Ecotoxicologia, Ecologia do Stress e Saúde Ambiental do CIIMAR.
Lúcia Guilhermino destaca ainda que a pulga-de-água tem um sistema nervoso “muito desenvolvido”, permitindo que os resultados obtidos no estudo possam ser “extrapolados” para outros animais, incluindo mamíferos.
O estudo serve também de “alerta para os efeitos que podem estar a ser exercidos na população humana, sobretudo em regiões ricas em lítio, zonas com elevada densidade populacional e grande utilização de dispositivos eletrónicos, e áreas industriais ou recetoras de lixo eletrónico”.
“Apesar da sua origem natural, o lítio é um elemento muito reativo do ponto de vista biológico”, realça Lúcia Guilhermino, lembrando que este elemento pode provocar “toxicidade em vários sistemas e órgãos, como o sistema nervoso, o fígado, os rins e o aparelho reprodutivo, através de mecanismos que ainda não estão completamente descritos”.
Também em relação aos microplásticos, a investigadora destaca que estes materiais podem “atuar como esponjas e ligar outros contaminantes, como o lítio, alterando a sua incorporação, acumulação e toxicidade”.
“Todos os organismos vivos estão simultaneamente expostos a muitos poluentes ao longo da vida, e a interação entre esses agentes químicos pode levar a efeitos tóxicos diferentes, alterando os limites de segurança previamente estabelecidos”, acrescenta Lúcia Guilhermino, que é também docente no ICBAS, onde coordena o Laboratório de Ecotoxicologia e Ecologia.
Neste momento, os investigadores estão a desenvolver estudos para avaliar as consequências resultantes das alterações climáticas globais nos efeitos a longo prazo do lítio, microplásticos e as suas misturas.
Este trabalho, que contou com a colaboração da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e do CESPU — Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, foi cofinanciado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pelo programa Compete 2020 e pelo programa Norte 2020.
As escolhas alimentares dos pais poderão ter consequências na saúde dos filhos.
Um estudo desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, concluiu que a alimentação produz impactos na fertilidade masculina que podem ser transmitidos e herdados por duas gerações.
O instituto revela que no estudo, publicado na revista “Molecular Nutrition & Food Research“, os investigadores da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica do ICBAS descreveram os biomarcadores que permitem identificar uma “memória metabólica” presente nos testículos.
As alterações são “consequência da ingestão de uma dieta rica em gordura” e podem ser herdadas por duas gerações, isto é, pai-filho-neto, tendo “implicações na fertilidade masculina”.
A equipa, liderada pelo investigador Marco Alves, já tinha determinado, em trabalhos anteriores, que a ingestão excessiva de gordura durante as primeiras fases da vida altera o conteúdo lípido e o metabolismo dos testículos, “afetando negativamente a capacidade reprodutiva durante o resto da vida” e “resultando em alterações que não são reversíveis com a mudança para uma dieta equilibrada”.
Neste estudo, realizado também em modelos animais (ratinhos), os investigadores “foram mais além” e descreveram os efeitos transgeracionais que são transmitidos pelos pais que ingerem uma dieta rica em gorduras a filhos e netos que seguiram uma dieta equilibrada.
“A descendência mostrou, nos testículos, uma alteração no metabolismo da colina”, isto é, um nutriente essencial para a regulação de várias funções, como a função cerebral, e o desenvolvimento de espermatozoides.
A investigação mostrou ainda alterações na atividade das mitocôndrias, nas defesas antioxidantes e na presença de vários lípidos.
“Estas alterações promovem um ambiente pró inflamatório no testículo, alterando a contagem e a qualidade espermática”, salienta o ICBAS, notando que os efeitos transgeracionais também se observam quando a ingestão de gorduras pelo pai é apenas até à puberdade.
Citado no comunicado, o investigador Marco Alves salienta que a reprodução “também é reflexo da dieta”.
“As nossas escolhas alimentares vão ter consequências nos nossos filhos e, muito possivelmente, também nos nossos netos”, afirma, acrescentando que estes efeitos podem ter ainda mais impacto nos processos de reprodução assistida, uma vez que o espermatozoide é escolhido de forma aleatória e sem ter em conta biomarcadores como os identificados no estudo.
“O aumento da infertilidade está claramente associado ao aumento das doenças metabólicas (sobrepeso, obesidade e diabetes, entre outras), tendo sido esta associação já reconhecida pela Organização Mundial da Saúde”, destaca Marco Alves.
A memória metabólica no testículo é transmitida pelas células de Sertoli, que respondem asseguram todas as necessidades estruturais e metabólicas durante o processo de formação dos espermatozoides.
Os estímulos captados por estas células além de alterarem a sua própria expressão genética, alteram também a epigenética.
“Conhecer estas alterações e os mecanismos de transmissão, permitirá selecionar os melhores espermatozoides e a melhor janela de tempo para realizar fertilizações in vitro, melhorando a eficiência das técnicas de reprodução assistida e abrindo novas oportunidades terapêuticas na infertilidade masculina”, acrescenta o investigador.
Além da equipa do ICBAS, o estudo contou também com investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, da Universidade de Aveiro, do Instituto Politécnico da Guarda e da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP).
O trabalho resultou ainda de várias parcerias internacionais, incluindo a Universidade de Zagreb e a University College of London.
PORTO – A varíola, causada pelo vírus com o mesmo nome, foi uma das doenças infeciosas mais devastadoras para a humanidade. A vacina contra a varíola, criada por Edward Jenner em 1796, foi a primeira vacina bem-sucedida a ser desenvolvida. Jenner observou que os criadores de vacas que tinham sofrido varíola bovina, não desenvolviam varíola humana. Mostrou, também, que a inoculação de material proveniente de lesões de varíola bovina protegia as pessoas da varíola humana. Esta ligação entre uma doença veterinária e uma doença humana, estabelecida por um agricultor e um médico, é um exemplo da abordagem One Health. As vacinas são uma das ferramentas mais importantes para a prevenção, controlo e erradicação de doenças infeciosas. Mas vacinar apenas as pessoas não é suficiente para garantir a saúde de todos. Vacinar animais é uma barreira essencial para evitar a transmissão de algumas zoonoses – doenças que se transmitem dos animais para os humanos. O seu uso pode controlar doenças em animais de companhia e animais domésticos, como são, por exemplo, a raiva e a febre do Vale do Rift. As vacinas são também úteis para garantir a obtenção de alimentos seguros através da manutenção de populações de gado saudáveis. Um exemplo é a vacinação de aves contra a Salmonella. Mas os benefícios da vacinação não são só estes! As vacinas são também essenciais para reduzir o uso de antimicrobianos, evitando o surgimento e a disseminação das resistências a estes medicamentos, que afetam gravemente os setores humano, animal e ambiental. O seu uso também contribui para combater as alterações climáticas, uma vez que o aumento da produtividade animal diminui a emissão de gases do efeito estufa por Kg de alimento animal produzido. Por isso, lembre-se, a vacinação tem um grande impacto na saúde de todos. Faça parte da solução e vacine-se!
Créditos de imagem: Mat Napo, Unsplash.
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