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Nano for One Health – a nanomedicina na profilaxia e tratamento de zoonoses

Por Sofia Costa Lima, ICBAS

PORTO – As doenças zoonóticas emergentes são um dos principais desafios ao conceito “One Health”. As zoonoses são doenças infeciosas transferidas dos animais para os seres humanos. Atualmente, o tratamento e o diagnóstico das infeções zoonóticas são difíceis devido a mutações genéticas, modificações do local-alvo e resistência a vários medicamentos. De facto, o aumento do nível de resistência aos agentes antimicrobianos entre as espécies bacterianas constitui um grande desafio para a saúde humana e animal, bem como para a vida no futuro.

São urgentes novas abordagens de gestão para melhorar as medidas profiláticas, assegurar um diagnóstico rápido e terapias eficazes contra as bactérias resistentes. Neste contexto, os nanomateriais estão a transformar a medicina graças às suas capacidades versáteis para dispositivos de diagnóstico e para tratamentos de zoonoses através da administração direcionada e controlada de medicamentos antimicrobianos. A dimensão nanométrica dos materiais permite uma entrada fácil nas células dos organismos vivos. Além disso, os nanomateriais podem ter um papel protetor, impedindo a degradação do fármaco encapsulado ou do agente antimicrobiano devido às propriedades de proteção destes materiais, controlando e direcionando a sua libertação para os tecidos doentes, reduzindo os efeitos secundários adversos nos tecidos saudáveis. As aplicações de nanomateriais como vacinas ou sistemas de administração de medicamentos, direcionando agentes terapêuticos no combate a doenças zoonóticas, reforçam o desenvolvimento bem sucedido de estratégias de controlo das infeções. Recentemente, foram propostas novas abordagens baseadas na nanotecnologia com propriedades antimicrobianas, para a separação de agentes patogénicos ou como material de diagnóstico. A aplicação da nanotecnologia pode trazer novas oportunidades para combater as infeções zoonóticas.

Créditos de imagem: iStockphotos

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A abordagem One Health em África

Por Adriano A. Bordalo e Sá, ICBAS

PORTO – O conceito transdisciplinar One Health permite compreender questões de saúde complexas que afectam pessoas, animais, plantas e o ambiente. Na realidade, todas estas áreas estão interligadas e é imperioso abandonarmos a ideia “os humanos primeiro” a favor de uma abordagem holística de que todos os seres vivos têm um papel na Biosfera.

África é considerado o continente mais pobre do Planeta. Uma em cada duas pessoas na África subsariana vive abaixo da linha de pobreza, sendo os serviços de saúde humanos e veterinários, se existentes, básicos. No entanto, isto é uma oportunidade para lançar pontes entre as pessoas, animais, plantas e os respectivos ambientes. Hoje, cerca de 60% da população é rural, sendo a relação com os diferentes seres vivos mais intensa. Em certas partes do continente, os planos de vacinação infantil e animal correm em paralelo. Em doentes com febre é despistada a brucelose nas zonas de forte implementação pecuária em paralelo com a habitual malária e febre tifoide, em colaboração com os serviços veterinários.

A emergência de doenças infecciosas e a re-emergência de outras, tendo animais como reservatórios ou vectores, irá aumentar no futuro próximo. O avanço do deserto do Sahara para sul, a alteração do panorama agroecológico de África, incluindo a desflorestação, os conflitos armados, a migração para as cidades onde o acesso à água e saneamento, assim como a segurança alimentar não estão assegurados, reduz o estado de saúde de populações inteiras. Na realidade, cólera, sarampo, doenças hemorrágicas víricas, malária e meningite, estão no topo da lista de epidemias, expondo ainda mais a vulnerabilidade dos serviços locais de saúde.

África adoptou o conceito One Health como uma ferramenta destinada à vigilância, prevenção, controle e prontidão para o combate à doença. No entanto, apesar de todos os claros avanços dos últimos anos, há ainda enormes lacunas, associadas à falta de financiamento, pouca sensibilidade dos decisores políticos, recursos humanos e materiais insipientes e literacia do público em geral. No entanto, One Health é a abordagem correcta para enfrentar os problemas de saúde que afligem a Biosfera, incluindo os humanos.

Nota: o autor escreve de acordo com a grafia antiga.

Conferência One Health em Bissau, África Ocidental, Maio 2022. Créditos de imagem: Adriano A. Bordalo e Sá.

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Proteger a biodiversidade: a base para One Health

Por Begoña Pérez-Cabezas, ICBAS

PORTO – A Biodiversidade refere-se a todas as espécies vivas (e as suas interações) que habitam a Terra, incluindo plantas, animais, bactérias e fungos. Quando preservada, a biodiversidade forma ecossistemas equilibrados que são a base para um planeta sustentável. A qualidade dos ecossistemas traduz-se na qualidade do ar que respiramos, dos alimentos que comemos e da água que bebemos.

As plantas são essenciais para a produção de oxigênio e para a absorção de poluentes atmosféricos. Os insetos são a base de muitas cadeias alimentares e chave para o processo de polinização e para a dispersão de sementes. Os recifes de corais e os manguezais protegem de ciclones e tsunamis, pois fazem com que as ondas quebrem no mar, para além de absorverem a energia das ondas.

No entanto, a Biodiversidade está em perigo devido à atividade humana que perturba os ecossistemas. À medida que a população humana aumenta, as áreas selvagens são usadas para criar terras agrícolas, habitações e zonas industriais. A poluição, a caça e a pesca insustentáveis, a extração de água e o comércio global são outras das principais ameaças ao equilíbrio da vida no nosso planeta. A perda de espécies é um processo irreversível e acredita-se que a taxa de extinção agora seja cerca de 1.000 vezes maior do que antes dos humanos dominarem o planeta.

O aumento das áreas protegidas e o uso sustentável das áreas não protegidas são essenciais para a manutenção da biodiversidade. Mas a proteção dos ecossistemas também está nas mãos de cada um de nós. A maioria dos territórios são explorados para a produção de gado, soja, óleo de palma ou madeira. Reduzir o consumo desses produtos, optar por opções sustentáveis e diminuir o desperdício de bens de consumo impactam positivamente na preservação da biodiversidade.

Créditos de imagem: Scotty Turner, Unsplash.

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Gripe das aves – como a iniciativa One Health é importante!

Por Sofia Costa Lima, ICBAS

PORTO – O vírus da gripe das aves está a propagar-se em África, Ásia, Europa e América. Este é um vírus contagioso do tipo A que pode infetar e matar aves de capoeira (tais como galinhas, patos domésticos, faisões, perus, codornizes, entre outros) e aves selvagens (incluindo aves migratórias). Desde outubro de 2021, vários surtos têm surgido, atingindo novas áreas geográficas e causando impactos devastadores na saúde e bem-estar animal. A gripe das aves pode ocasionalmente ser transmitida ao homem e a outros mamíferos. Esta infeção representa um risco global para a segurança alimentar e saúde animal, e nos meios de subsistência dos avicultores. E, constituem também uma ameaça para a vida selvagem nos animais marinhos e terrestres. Além de perturbar os surtos de ecologia local, prejudica a biodiversidade.

As aves migratórias são o reservatório natural para o vírus da gripe das aves. As alterações climáticas estão a influenciar as rotas migratórias, dadas as alterações sazonais. Agora, as populações de aves migratórias estão a interagir umas com as outras, aumentando as probabilidades de novas variantes de vírus. Um programa de vigilância para monitorizar a evolução e diversidade de variantes é crucial para prevenir a saúde animal, ambiental e humana. Abordar o vírus da gripe das aves requer uma estratégia de saúde única.

Agora, mais do que nunca, os governos precisam de investir em abordagens locais e globais, que se concentrem na interface saúde animal/ humana/ambiental, de modo a permitir a comunicação e respostas de preparação para os desafios atuais e futuros.

Créditos de imagem: Sofia Lima

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Um olhar One Health sobre os efeitos patogénicos dos poluentes atmosféricos

Por Luísa Azevedo, ICBAS

PORTO – É bem conhecido de todos que muitas doenças crónicas aparecem como consequência da exposição a elementos mutagénicos do ar, água e solo, podendo levar a doenças graves. O cancro é, talvez, o caso mais conhecido de uma doença em que a exposição ambiental tem um efeito mais notável. Mas o cancro está longe de ser o único exemplo, uma vez que a poluição também pode aumentar o risco de muitas outras doenças. Entre eles estão problemas respiratórios crónicos, doenças de pele e doenças cardiovasculares. Como todos dividimos o mesmo ambiente, o efeito patogénico dos poluentes também pode afetar os animais, como por exemplo, os nossos animais de companhia. Nesse cenário, como adotar uma abordagem One Health para prevenir o impacto nocivo da exposição ambiental?

Tomando a poluição do ar como exemplo, uma maneira simples pode ser refletir sobre as escolhas quotidianas que fazemos, como por exemplo na forma como nos deslocamos. A maioria de nós utiliza o automóvel, mas podemos optar pelo uso de transportes públicos, bicicleta ou andar a pé, sempre que possível, de forma a contribuir para a redução da emissão de poluentes. Desta forma, estamos a contribuir para a saúde ambiental e para o impacto positivo na redução do risco de doenças agudas e crónicas mediadas pela qualidade do ar, tanto em humanos quanto em animais.

Créditos de imagem: Luísa Azevedo

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Aumento dos casos de demência: pode a abordagem One Health ajudar a prevenir?

Por Luísa Azevedo, ICBAS

PORTO – À medida que a população envelhece, surgem importantes desafios sociais e relacionados à saúde, como o aumento da prevalência de doenças de início mais tardio. Entre elas estão diferentes formas de demência, das quais a doença de Alzheimer é a mais comum em todo o mundo. Embora o envelhecimento seja o fator de risco mais relevante para a demência, existem vários outros fatores (tanto genéticos quanto ambientais) que podem intervir como modificadores do risco associado a estas doenças. Embora muitos desses agentes ambientais e genéticos ainda não tenham sido identificados, o número de casos continua a aumentar. De acordo com as previsões dos investigadores, o número de casos de demência irá registar um aumento no futuro próximo. Dizer que isto constituirá um desafio socioeconómico para as sociedades modernas, é pouco mais que um eufemismo.

Sob a perspectiva One Health, é, no entanto, possível tomar algumas medidas sérias para diminuir novos casos no futuro. Por exemplo, a manutenção de uma vida ativa e a prática regular de exercício físico têm se mostrado de extrema importância para um envelhecimento mais saudável.

Créditos de imagem: Luísa Azevedo

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Vacinas – uma super ferramenta One Health!

Por Begoña Pérez-Cabezas, ICBAS

PORTO – A varíola, causada pelo vírus com o mesmo nome, foi uma das doenças infeciosas mais devastadoras para a humanidade. A vacina contra a varíola, criada por Edward Jenner em 1796, foi a primeira vacina bem-sucedida a ser desenvolvida. Jenner observou que os criadores de vacas que tinham sofrido varíola bovina, não desenvolviam varíola humana. Mostrou, também, que a inoculação de material proveniente de lesões de varíola bovina protegia as pessoas da varíola humana. Esta ligação entre uma doença veterinária e uma doença humana, estabelecida por um agricultor e um médico, é um exemplo da abordagem One Health.
As vacinas são uma das ferramentas mais importantes para a prevenção, controlo e erradicação de doenças infeciosas. Mas vacinar apenas as pessoas não é suficiente para garantir a saúde de todos. Vacinar animais é uma barreira essencial para evitar a transmissão de algumas zoonoses – doenças que se transmitem dos animais para os humanos. O seu uso pode controlar doenças em animais de companhia e animais domésticos, como são, por exemplo, a raiva e a febre do Vale do Rift. As vacinas são também úteis para garantir a obtenção de alimentos seguros através da manutenção de populações de gado saudáveis. Um exemplo é a vacinação de aves contra a Salmonella.
Mas os benefícios da vacinação não são só estes! As vacinas são também essenciais para reduzir o uso de antimicrobianos, evitando o surgimento e a disseminação das resistências a estes medicamentos, que afetam gravemente os setores humano, animal e ambiental. O seu uso também contribui para combater as alterações climáticas, uma vez que o aumento da produtividade animal diminui a emissão de gases do efeito estufa por Kg de alimento animal produzido.
Por isso, lembre-se, a vacinação tem um grande impacto na saúde de todos. Faça parte da solução e vacine-se!

Créditos de imagem: Mat Napo, Unsplash.

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