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Semana Mundial para a Sensibilização das Resistências aos Antimicrobianos

O contributo das Universidades para a sensibilização das resistências aos antimicrobianos

De 18 a 24 de novembro decorreram, na Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), diversas iniciativas para assinalar a Semana Mundial para a Sensibilização das Resistências aos Antimicrobianos.

Tendo em conta o tema escolhido este ano “Spread Awareness, Stop Resistance/ Espalhe a consciência, pare a resistência”, a DGAV recolheu alguns testemunhos em vídeo, de diferentes personalidades e profissionais representando diversas perspectivas sobre o impacto das Resistências aos antimicrobianos na Saúde Publica, na Saúde Animal e no meio ambiente.

O Professor João Niza Ribeiro, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, neste vídeo, destaca o contributo das Universidades para a sensibilização das resistências aos antimicrobianos e para a aplicação das boas práticas para o uso responsável dos antimicrobianos, através da formação dos profissionais na área da produção animal, bem como ainda, através da colaboração com as autoridades para desenvolver e melhorar sistemas que permitam aos sectores da agropecuária responder ao grande desafio da diminuição da utilização destes fármacos.

Fonte: DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária

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Estratégias alimentares inovadoras para promoção da saúde e do bem-estar de cães

Na Europa, a população de animais de companhia tem vindo a aumentar, sendo que, em 2020, se contabilizaram cerca de 90 milhões de cães, em 56 milhões de agregados familiares. Já em Portugal, cerca de 38% das famílias possuíam cães como animais de companhia, totalizando uma população de cerca de 2 milhões de animais. Assim, à semelhança da Europa, os lares portugueses têm já mais animais de companhia do que crianças, sendo estes considerados elementos ativos da família.

A crescente humanização dos animais de companhia tem exacerbado a preocupação dos tutores com a qualidade e a segurança alimentar, assim como com o impacto da alimentação no bem-estar e na saúde dos animais. Com efeito, os tutores procuram, cada vez mais, alimentos compostos completos que assegurem a satisfação das necessidades nutricionais e que, concomitantemente, tenham efeitos funcionais, mormente na promoção da saúde, no bem-estar e na longevidade. Acresce que o aumento da produção de alimentos compostos para fazer face ao aumento da população animal representa um impacto ambiental que não pode ser negligenciado.

Todas estas alterações têm contribuído para a necessidade de desenvolver novas estratégias alimentares, assim como identificar novos ingredientes mais sustentáveis dos pontos de vista ambiental, económico e social e com qualidades funcionais. O Laboratório de Ciência Animal, do ICBAS, tem desenvolvido vários projetos no sentido de encontrar estratégias alimentares mais sustentáveis que contribuam para a promoção da saúde, do bem-estar e da longevidade com qualidade, quer de cachorros, quer de cães adultos, em direção ao desafio societal de Uma Saúde.

Para saber mais:

Composição mineral de alimentos secos para cães: impacto na nutrição e potencial toxicidade

Efeitos da suplementação da dieta com selenito de sódio e leveduras enriquecidas com selénio na saúde de cachorros desde o desmame até à idade adulta

Efeitos do zinco e da adição de enzimas na microbiota fecal de cães

Contacto: Professora Ana Rita Cabrita (arcabrita@icbas.up.pt)

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Investigação

Terapias celulares e dispositivos médicos para Medicina Regenerativa: da Medicina Veterinária ao Homem

O grupo de investigação evidencia uma atividade forte e de referência na Medicina Regenerativa e na Engenharia de Tecidos como áreas críticas da Biomedicina e da Biotecnologia na perspetiva de Uma só Saúde. Os principais projetos de investigação centram-se na regeneração de tecidos, associando biomateriais inovadores a células estaminais autólogas/ alogénicas/ xenogénicas, de origem extra-fetal, como o sangue e a matriz do cordão umbilical, a medula óssea, a membrana sinovial e a polpa dentária.

Existe estreita colaboração com as indústrias farmacêutica e de biotecnologia médica, trabalhando como parceiras, para desenvolvimento de produtos, proteção de propriedade intelectual, validação em diferentes modelos animais, e na futura aplicação clínica. Excelentes exemplos de projetos específicos com a Indústria são: 1) Regeneração de tecido neuromuscular – uma abordagem integrativa; 2) Hidrogéis híbridos nano-estruturados e substitutos ósseos sintéticos: hidrogéis injetáveis ​​multifuncionais para regeneração óssea; 3) Desenvolvimento de atividades terapêuticas moleculares e celulares para Aplicações Clínicas Veterinárias e Humanas; 4) Ensaios pré-clínicos e clínicos de terapias baseadas em células e dispositivos médicos para aplicações clínicas Veterinárias e Humanas.

A equipa multidisciplinar, que inclui Médicos Veterinários, Engenheiros, Biólogos, Médicos que através da Cirurgia Experimental, têm um papel crucial no desenvolvimento de biomateriais/ dispositivos médicos e terapias celulares, permite uma partilha de conhecimento entre desenvolvimento de biomateriais e de sistemas celulares, necessidades clínicas, assim como uma vasta experiência no desenvolvimento de medicamentos de terapia avançada (ATMP) do ponto de vista da bioindústria, com uma visão clara do que é necessário em termos regulatórios para alcançar uma produção final translacional para Animais e Humanos.

O grupo é responsável por inúmeras publicações científicas, formação avançada e por 3 produtos já presentes no mercado (terapias celulares de polpa dentária e geleia Whärton e substituto ósseo sintético) e uma patente internacional – Regenera, em fase final de prova-de-conceito para aplicação clínica em cavalos e animais de companhia.

Para saber mais:

Aplicação do Bonelike® como enxerto ósseo sintético em cirurgia ortopédica e oral em casos clínicos veterinários

Perfis de fatores metabolómicos e bioativos de células estaminais mesenquimatosas: uma análise comparativa sobre o secretoma de células estaminais mesenquimatosas de cordão umbilical e da polpa dentária

Contacto: Professora Ana Colette Maurício (acmauricio@icbas.up.pt)

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Bem-estar, qualidade e segurança do pescado

O pescado é um dos grupos de alimentos cujo consumo é mais incentivado pelos nutricionistas atuais, em resultado dos seus reconhecidos benefícios para a saúde humana. Sendo um alimento do futuro, para além da sustentabilidade, importa aprofundar os métodos de avaliação da sua qualidade e da sua segurança alimentar.

A investigação em curso no Laboratório de Tecnologia do Pescado do Departamento de Produção Aquática do ICBAS incide sobretudo no desenvolvimento de novos métodos sensoriais, químicos e microbiológicos para avaliação da frescura do pescado e identificação da sua origem e autenticidade. São também investigadas medidas para avaliar e melhorar o bem-estar animal em aquacultura e a gestão e aproveitamento dos desperdícios da sua produção.

Na análise sensorial, têm sido criadas novas tabelas no âmbito do ‘Quality Index Method’, para várias espécies aquáticas com relevância em Portugal.

Na área da química foram realizados trabalhos para caraterização nutricional e toxicológica (mercúrio) de espécies do topo da cadeia alimentar, presumivelmente mais problemáticas.

Na microbiologia têm sido feitos estudos de caraterização da microflora do pescado, bem como o desenvolvimento de novas técnicas microbiológicas para caraterização e identificação da origem de espécies de aquacultura.

A gestão de desperdícios tem incidido na identificação de fontes, caraterização dos resíduos e na sua utilização como ingredientes em alimentos compostos para animais, sobretudo de aquacultura.

O trabalho tem incluído também a caraterização do bem-estar animal em peixes de aquacultura, sobretudo métodos de abate e melhoria da sua eficácia.

Na área da certificação, foi efetuada uma listagem de sistemas internacionais de certificação de produtos aquáticos e dos principais produtos, e é dado apoio, a empresas da área do pescado, na criação deste tipo de sistemas para os produtos portugueses.

Um ambiente equilibrado e com saúde permite o crescimento de seres aquáticos também saudáveis, que farão parte de uma alimentação adequada, proporcionando saúde aos animais e aos seres humanos, confirmando a moderna visão de Uma Saúde que todos queremos para o nosso mundo no futuro.

Para saber mais:

Método do Índice de Qualidade (QIM) para avaliação da qualidade do pescado: aplicações, limites e tendências futuras

Composição elementar do músculo do peixe-espada

Contacto: Professor Paulo Vaz-Pires (vazpires@icbas.up.pt)

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A ecologia das resistências aos antimicrobianos

A microbiologia tem dado um contributo decisivo para o desenvolvimento da perspetiva One Health, particularmente quando combinada com as avançadas ferramentas de genómica microbiana. Através delas, podemos investigar surtos (e.g. Salmonella spp., Campylobacter jejuni), vigiar variantes de microrganismos patogénicos ou compreender a circulação global de bactérias e genes de resistência entre o bioma humano, animal e ambiental. De facto, as espécies bacterianas que mais nos preocupam em termos de resistência (ESKAPE*) têm em comum três características: (i) conseguem colonizar mais do que uma espécie animal, (ii) comportam-se maioritariamente como comensais (i.e., são capazes de colonizar o intestino ou a pele de humanos e animais sem lhes causar qualquer doença) e (iii) têm uma ecorresistência notável, podendo sobreviver em superfícies inertes, no solo ou na água durante muito tempo. Conseguem, por isso, “viajar” entre diversos hospedeiros, demonstrando que sem uma visão holística não seremos capazes de as conter.

Ao abrigo desta perspetiva, o Laboratório microLAB do Departamento de Produção aquática do ICBAS – em colaboração com empresas, instituições e outros grupos de investigação – tem vindo a estudar:

1. A presença de Enterobacteriaceae multirresistentes em diferentes populações animais (frangos, gaivotas, aves de rapina, lobos, bivalves, ouriços-do-mar, coelhos, cães e gatos), em humanos (donos de animais de estimação) e no ambiente (estações de tratamento de águas residuais, rios, praias, lagos e fontenários da cidade);

2. A atividade antibacteriana de centenas de compostos químicos isolados em cianobactérias e fungos marinhos ou modificados/gerados por processos de síntese química, providenciados por grupos de investigação colaboradores;

3. A proximidade filogenética entre bactérias isoladas em humanos e bactérias obtidas em comboios e autocarros (Staphylococcus aureus resistentes à meticilina-MRSA) ou em frangos e cães (Campylobacter jejuni).

*Enterococcus faecium, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter spp.

Para saber mais:

A Neofiscalina A e Fiscalina C são alcalóides indólicos com potencial terapêutico para tratar infecções bacterianas Gram-positivas multirresistentes

Campylobacter jejuni em diferentes populações caninas: características e potencial zoonótico

Atividade antimicrobiana e potencial de uma biblioteca de Tioxantonas como inibidores da bomba de efluxo

Contacto: Professor Paulo Martins da Costa (pmcosta@icbas.up.pt)

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ICBAS juntou investigação da cidade do Porto em nome de One Health

Um painel diversificado de especialistas das várias áreas da saúde (humana, animal e ambiental) juntou-se, no passado dia 3 de novembro (Dia Internacional One Health), para debater a abordagem Uma Saúde. O palco foi o “1st Porto One Health Day”, organizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto em colaboração com diferentes unidades de investigação da cidade (CECA, CIIMAR, CIBIO-InBIO, CI-IPOP, FCUP, ISPUP, i3S, REQUIMTE, UMIB).

A abordagem One Health – Uma Saúde reconhece a ligação entre pessoas, animais, plantas e o ambiente, e tem como objetivo dar uma resposta científica e técnica que possibilite prevenir, detetar, conter, eliminar e responder a ameaças para a saúde pública causadas por agentes e eventos perigosos para a saúde humana e animal.

Foi sob esta perspetiva que se focaram as nove sessões do 1st Porto One Health Day, versando sobre vários temas que concentram em si uma visão holística da saúde: segurança alimentar, alterações climáticas, interação entre humanos e animais, resistência a antibióticos, impacto dos oceanos na saúde humana, impacto da pandemia nos doentes com cancro, HIV e doenças emergentes.

Este foi um encontro verdadeiramente transdisciplinar onde se discutiu um assunto cada vez mais atual. O objetivo da comissão organizadora foi cumprido: “juntar as principais Unidades de Investigação do Porto para discutir juntos problemas de saúde pela perspetiva One Health, com o propósito de identificar soluções reais e potenciais parcerias”.

Uma Saúde ou o “caminho” para “restaurar o nosso planeta”

O evento contou com a participação da cofundadora da One Health Initiative, a norte-americana Laura H. Kahn. “One Health analysis of food safety and security, antimicrobial Resistance, and Climate Change in the 21st Century” foi o título da apresentação que demonstrou a transversalidade e aplicabilidade deste conceito.

“Temos urgência em restaurar o nosso planeta. O conceito Uma Saúde, que reconhece que a vida na terra está interligada, deve ser o caminho. Para isso devemos educar as novas gerações neste sentido. Uma Saúde deve ser a base não só da investigação científica, mas também do desenvolvimento de políticas, da educação e da literacia”, destacou a médica e investigadora em políticas de saúde.

O diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho, encerrou o evento com a certeza de que “o segundo passo desta longa jornada que agora iniciamos será a concretização de reflexões de consenso sobre os temas debatidos, que nos permitirão, em sequência, chegar aos decisores, que na sua maioria ainda não tem noção da importância deste alerta que agora evocamos.”

“A saúde merece o nosso cuidado extremo, porque é a génese de equilíbrio e sustentabilidade. Não vamos baixar os braços enquanto sentirmos que, ainda que de forma ténue, estamos a trabalhar para a procura desse equilíbrio”, concluiu o responsável.

Um evento local, mas internacional

O evento teve um formato híbrido, sendo todas as palestras presenciais e também transmitidas on-line e em direto. A conferência foi reconhecida e partilhada pela iniciativa internacional One Health Day, recebendo mais de 300 inscrições on-line. Nestas inscrições, estiveram representadas um total de 83 instituições, das quais, 69 portuguesas e 17 estrangeiras. O evento teve participantes do Brasil, Canadá, Equador, Espanha, Estados Unidos, Etiópia, Finlândia, Itália, Irlanda, Noruega, Reino Unido e Suécia, o que reforça o interesse, abrangência e relevância do conceito One Health a nível internacional.

Texto: Begoña Pérez Cabezas (Adatação ‘Notícias da Universidade do Porto’)

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