Um consórcio de entidades nacionais juntou-se no projeto “OmegaPeixe” com o intuito de produzir pregado e robalo, duas das espécies mais relevantes no sul da Europa, de forma otimizada e ambientalmente sustentável e por forma a aumentar o consumo de ómega-3, fonte de nutrientes.
“É a primeira vez que se aposta na produção nacional de pescado enriquecido com ómega-3. O objetivo é triplo: responder à alta procura por alimentos ricos neste nutriente, com benefícios comprovados para a saúde humana, incluindo uma forte ação anti-inflamatória com prevenção de doenças cardiovasculares, neuro degenerativas, diabetes, e em estados depressivos; respeitar o bem-estar animal e o ambiente e, ao mesmo tempo, estimular a aquacultura sustentável made in Portugal”, refere Renata Serradeiro, CEO da Acuinova
“O nosso objetivo é fornecer ao consumidor um pescado diferenciado, com alto valor nutricional, em particular com elevado teor de ómega-3 de cadeia longa (EPA e DHA), produzido de forma sustentável recorrendo a uma seleção criteriosa de ingredientes com um preço acessível”, salienta a mesma fonte.
“Um dos objetivos do projeto é disponibilizar pescado de elevada qualidade aos consumidores, sem aumentar significativamente o preço de venda” explica Helena Abreu, fundadora e Diretora Geral da ALGAplus, o consórcio engloba a empresa ALGAplus, a atuar na área da aquacultura integrada, que será responsável pela produção de robalo bio.
Além da Acuinova e da ALGAplus, participam no projeto o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto (UP),com competências internacionais na área da Aquacultura, Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul (CoLAB B2E), um dos 26 laboratórios colaborativos nacionais criados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e acompanhados pela Agência Nacional de Inovação. O consórcio conta com o apoio da Riasearch e da Sparos, empresas especialistas em Investigação e Desenvolvimento em aquacultura, para a execução do projeto.
“A aquacultura nacional e europeia é uma resposta exemplar no que diz respeito à segurança alimentar, qualidade, frescura, bem-estar dos animais e legislação. É de salientar que o uso de hormonas e antibióticos para promover o crescimento animal está banido da UE há duas décadas, e nunca foi prática corrente na aquacultura europeia”, reforça Elisabete Matos, Coordenadora Técnico-Científica do CoLAB B2E.
Para Elisabete Matos, “o futuro passa cada vez mais por encontrar soluções adaptadas ao ambiente, aos animais, e à procura e às necessidades do mercado: uma sustentabilidade transversal”, prevê.
O ICBAS será responsável pela avaliação do impacto de dietas de acabamento, ou seja, direcionadas à fase anterior à sua pesca, no perfil nutricional de cada espécie em estudo. “Estas dietas serão otimizadas para cada uma das espécies, com recurso a modelos matemáticos e ao programa inteligente FEEDNETICS, desenvolvido em Portugal num projeto de I&D anterior pela Sparos, de forma a selecionar os ingredientes com maior potencial funcional e sustentabilidade económica. No final, serão propostos protocolos de alimentação específicos para pregado e para robalo”, refere a investigadora Luísa Valente.
Atualmente, a economia do mar cresce ao dobro da velocidade da economia nacional. De acordo com a Conta Satélite do Mar, desenvolvida pela Direção-Geral de Políticas do Mar e pelo INE, entre 2016 e 2018 o setor azul subiu 18,5% em Valor Acrescentado Bruto (VAB) e 8,3% em emprego. Já a economia nacional cresceu 9,6% em VAB e 3,4% em emprego.
O setor da pesca, aquacultura, transformação e respetiva comercialização é responsável por 25,1% deste VAB e pela criação de mais de 60 mil postos de trabalho. Estima-se que, em 2018, o impacto direto e indireto da economia do mar na economia nacional se tenha traduzido em 5,4% do VAB e 5,1% do Produto Interno Bruto. Todo este impacto económico é conseguido com impactos ambientais muito reduzidos quando comparado com outras atividades económicas.
O projeto “OmegaPeixe” terá um investimento total de cerca de um milhão de euros, dos quais quase 666 mil euros serão suportados pelo Portugal 2020 e pelos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, da União Europeia, através do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico. Os trabalhos irão decorrer ao longo de dois anos e meio.
Fonte: SAPO Lifestyle