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Desmistificando os antibióticos no ambiente

Maio 2024

Por Bárbara Diogo, estudante de Doutoramento no ICBAS/CIIMAR

PORTO – Com o aumento da população e constante proliferação de doenças, a quantidade de antibió­ticos usados no tratamento/prevenção das mais variadas doenças, quer em humanos, quer em animais, tem aumentado exponencialmente. Os antibióticos são amplamente reconhecidos como um dos tratamentos mais eficazes na história da medicina (humana e veterinária), no entanto o seu uso excessivo representa uma ameaça significativa para a saúde pública e ambiental. A contaminação ambiental por antibióticos, como consequência do seu uso crescente e do seu descarte inadequado, parece induzir efeitos adversos em organismos não alvo e favorecer o surgimento e a disseminação de bactérias resistentes (resultando na redução da eficácia dos mesmos).

Vários estudos focam alguns efeitos individuais (ex. mortalidade, alterações de comportamento e reprodução) e sub-individuais (ex. stress oxidativo, neurotoxicidade) que os antibióticos podem causar em organismos de diferentes níveis tróficos. Uma vez que os ecossistemas ambientais são complexos, o estudo isolado destes compostos pode subestimar a toxicidade dos mesmos nos ecossistemas naturais. Atualmente a comunidade científica preocupa-se em expandir o conhecimento sobre os efeitos ecotoxicológicos dos antibióticos (e.g., Sulfametoxazole e Trimetoprim) em espécies modelo (ex. Escherichia coli e Danio rerio, ver imagem) e com funções importantes nos ecossistemas (ex. decomposição, filtração), num cenário de alterações climáticas (antibióticos vs variações de temperatura vs variações de pH). Assim, é importante estudar o efeito dos antibióticos em organismos não-alvo tendo em consideração que os ecossistemas naturais estão expostos a vários desafios em simultâneo (ex. alterações climáticas, poluição).

A procura por soluções tendo por base uma investigação integrada, interdisciplinar, e com uma abordagem One Health é fundamental para mitigar os impactes associados a esta problemática, de forma a proteger a saúde humana, animal e ambiental.

Nas placas de Petri é possível observar a inibição do crescimento da bactéria Escherichia coli ATCC 25922 quando exposta aos antibióticos Sulfametoxazole (SMX) e Trimetoprim (TRIM); observa-se ainda alterações morfológicas (→) em embriões de Danio rerio, antes (CTL) e depois da exposição a antibióticos (SMX e TRIM). Créditos de imagem: Bárbara Diogo

Desmistificando os antibióticos no ambiente

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