One Health é uma abordagem que reconhece a ligação entre pessoas, animais, plantas e o ambiente que as acolhe, com o objetivo de alcançar mais e melhores resultados na área da saúde.
É holística, colaborativa, multissetorial e transdisciplinar.
A saúde humana não depende apenas de nós, está profundamente ligada a todos os seres vivos que nos rodeiam, desde os microrganismos aos grandes animais e ao ambiente. Estes interagem continuamente em busca de um estado de equilíbrio.
O tratamento não sustentável dos recursos naturais, junto com a globalização, induzem desequilíbrios ambientais que afetam a saúde de todos os seres vivos e o aparecimento de doenças.
A abordagem One Health pretende prevenir, detetar, conter, eliminar e responder a ameaças para a saúde pública causadas por agentes e eventos perigosos para a saúde humana e animal como as zoonoses (doenças infeciosas transmitidas dos animais para os humanos), as resistências antimicrobianas, as alterações climáticas, a redução das florestas, entre outros.
O conceito One Health contribui para uma resposta científica, técnica e adaptativa a estes problemas complexos. Assim, é urgente promover e intensificar a articulação e colaboração entre peritos e organizações das várias áreas do conhecimento: médica, veterinária e ambiental.
– Prevenir e controlar o surgimento e ressurgimento de doenças zoonóticas. As doenças zoonóticas são doenças infeciosas provocadas por vírus, bactérias, parasitas ou fungos, capazes de ser naturalmente transmitidas entre os animais e os seres humanos. Alguns exemplos deste tipo de doenças são a toxoplasmose, a brucelose e a tão conhecida COVID-19;
– Prevenir e controlar a propagação de doenças transmitidas por vetores. Os vetores são veículos de transmissão do agente causador da doença. Podem funcionar como vetores os mosquitos, as carraças e os caracóis. Entre os exemplos de doenças transmitidas por vetores temos a malária, o dengue, a doença de Chagas e a bilharzia;
– Promoção do correto uso dos antibióticos e criação de novos antibióticos para combater a resistência aos antimicrobianos;
– Promoção e conservação da segurança alimentar, mediante a proteção dos alimentos de perigos biológicos (agentes infeciosos), físicos (corpos estranhos como metal, plástico ou pedras) e químicos (metais pesados, inseticidas, entre outros);
– Remediação da poluição ambiental atmosférica, dos solos, das águas, visual e sonora;
– Prevenir o desenvolvimento de doenças crónicas e doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes ou cancro;
– Promoção da saúde mental e do bem-estar, através, por exemplo, da diminuição do consumo de tabaco, o aumento da prática de exercício físico ou a ingestão de uma dieta equilibrada.
A fundamentar a relevância da abordagem One Health, estão as declarações de Manhattan (2004) e de Berlim (2019).
Os Princípios de Berlim, lançados na Conferência “One Planet, One Health, One Future”, atualizam os de Manhattan e reintegram os conceitos de integridade dos ecossistemas, o combate às alterações climáticas e às resistências antimicrobianas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem vindo a chamar a atenção para estes aspetos, nomeadamente para a garantia da segurança alimentar, combate a zoonoses e resistência a antibióticos, tal como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), através do programa One Water, One Health
O acordo de colaboração entre a FAO, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a OMS, realizado em 2010, marcou um ponto de viragem decisivo na concretização global dos conceitos One Health.
A consciencialização sobre esta nova abordagem levou à criação de várias organizações, tendo culminado, em 2016, com a união de esforços de três estruturas (One Health Commission, One Health Platform e One Health Initiative Team), que deram origem à One Health Initiative. No dia 3 de novembro de 2016 foi celebrado o primeiro One Health Day.
– World Health Organization – One Health
– Centers for Disease Control and Prevention – One Health
– World Organization for Animal Health – One Health
– Food and Agriculture Organization of the United Nations – One Health
– European Commission – Farm to Fork Strategy
– European Commission – EU Action on Antimicrobial Resistance